KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na avaliação do Palácio do Planalto, a pesquisa Datafolha publicada anteontem reforça a possibilidade de o presidente Lula conseguir costurar uma candidatura única à sua sucessão em 2010. Motivo: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), ganhou musculatura, enquanto o deputado Ciro Gomes (PSB) perdeu força.
De acordo com o Datafolha, Dilma subiu cinco pontos percentuais entre o final de março e o final de novembro. Já Ciro perdeu de cinco a seis pontos, a depender do cenário, nesse período. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), alcançou 41%, subindo três pontos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Um grande obstáculo para Dilma era a larga vantagem de Ciro entre os candidatos do campo lulista. No final de março, a ministra obtivera parcos 3%. E o deputado, 20%. De março a novembro, a vantagem caiu para sete pontos -15% para Ciro contra 8% de Dilma.
Essa mudança alimenta no Planalto a avaliação de que a ministra poderá crescer ao longo de 2009. Se esse cenário se confirmar, Dilma teria argumento para se apresentar como cabeça de chapa.
Em entrevista à Folha em fevereiro, Ciro admitiu a possibilidade de ser vice numa chapa do atual governo.
A preferência de Lula é formar uma chapa com Dilma na cabeça e um peemedebista como vice. Mas o presidente sabe que o PMDB é um partido complicado. Seria mais fácil um entendimento com o PSB de Ciro.
Mais: um acerto político poderia garantir ao PMDB o comando das duas Casas do Congresso em caso de vitória da chapa articulada por Lula. Hoje, o Palácio do Planalto resiste a deixar o PMDB no comando da Câmara e do Senado. Mas, numa negociação para evitar que o PMDB caia no colo de Serra, esse acordo é admitido por auxiliares do presidente Lula.


Texto Anterior: Dilma é "sacerdotisa" no governo, diz Sarney
Próximo Texto: Decisão do STF pode ameaçar 227 áreas
Índice