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Impasse adia decisão sobre caças da FAB para 2010
Versão oficial indica atraso na entrega de trabalho técnico da Força Aérea
Apontada como favorita, francesa Dassault não teria concordado com queda de preço; FAB e Embraer prefeririam opção sueca
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Sem conseguir chegar a uma
conclusão sobre o pacote e o
modelo de avião de caça preferidos para renovar a frota da
FAB (Força Aérea Brasileira), o
governo empurrou para o próximo ano a decisão e o anúncio
sobre o vitorioso.
Os militares estão ansiosos,
porque 2010 será um ano eleitoral e o último do segundo
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o que sempre pode contaminar ou invalidar uma decisão desse porte. A
Folha apurou, porém, que não
há hipótese de o programa,
chamado de FX-2, ser anulado.
A intenção do governo é
comprar 36 caças e adquirir
tecnologia para que o Brasil venha a fabricar peças do avião e
possa até, futuramente, exportá-las para, por exemplo, a
América Latina e a África.
Estão em disputa o Rafale, da
francesa Dassault, o Gripen
NG, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing. São aviões de última
geração e com vida útil estimada entre 30 e 35 anos. O negócio pode chegar a R$ 10 bilhões.
A versão oficial para adiar o
anúncio do vencedor é que a
FAB não concluiu o seu trabalho técnico. A avaliação, porém,
já foi até submetida ao Alto Comando da Aeronáutica na última semana de novembro.
Em seguida, o comandante,
brigadeiro Juniti Saito, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, viajaram juntos para a
Ucrânia, onde certamente discutiram o resultado.
Há duas versões para a indefinição. A primeira é que a área
política do governo preferia o
Rafale, mas o presidente da
França, Nicolas Sarkozy, prometeu a Lula o que a Dassault
não aceitou cumprir: forte redução de preços e melhora no
"offset", sistema pelo qual o
país vendedor se compromete a
adquirir produtos, investir em
pesquisa e desenvolver tecnologia no país comprador.
A segunda versão é que a cúpula da FAB, a Embraer e brigadeiros com acesso ao Planalto
prefeririam o pacote sueco,
com a participação de técnicos
brasileiros na fase final do projeto e na construção do caça.
A Embraer fez inclusive um
parecer para a FAB, porque é
beneficiada duplamente pelo
pacote: pela transferência de
tecnologia e porque os três países se comprometeram a adquirir aviões brasileiros no pacote de contrapartidas.
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