São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Impasse adia decisão sobre caças da FAB para 2010

Versão oficial indica atraso na entrega de trabalho técnico da Força Aérea

Apontada como favorita, francesa Dassault não teria concordado com queda de preço; FAB e Embraer prefeririam opção sueca

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Sem conseguir chegar a uma conclusão sobre o pacote e o modelo de avião de caça preferidos para renovar a frota da FAB (Força Aérea Brasileira), o governo empurrou para o próximo ano a decisão e o anúncio sobre o vitorioso.
Os militares estão ansiosos, porque 2010 será um ano eleitoral e o último do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que sempre pode contaminar ou invalidar uma decisão desse porte. A Folha apurou, porém, que não há hipótese de o programa, chamado de FX-2, ser anulado.
A intenção do governo é comprar 36 caças e adquirir tecnologia para que o Brasil venha a fabricar peças do avião e possa até, futuramente, exportá-las para, por exemplo, a América Latina e a África.
Estão em disputa o Rafale, da francesa Dassault, o Gripen NG, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing. São aviões de última geração e com vida útil estimada entre 30 e 35 anos. O negócio pode chegar a R$ 10 bilhões.
A versão oficial para adiar o anúncio do vencedor é que a FAB não concluiu o seu trabalho técnico. A avaliação, porém, já foi até submetida ao Alto Comando da Aeronáutica na última semana de novembro.
Em seguida, o comandante, brigadeiro Juniti Saito, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, viajaram juntos para a Ucrânia, onde certamente discutiram o resultado.
Há duas versões para a indefinição. A primeira é que a área política do governo preferia o Rafale, mas o presidente da França, Nicolas Sarkozy, prometeu a Lula o que a Dassault não aceitou cumprir: forte redução de preços e melhora no "offset", sistema pelo qual o país vendedor se compromete a adquirir produtos, investir em pesquisa e desenvolver tecnologia no país comprador.
A segunda versão é que a cúpula da FAB, a Embraer e brigadeiros com acesso ao Planalto prefeririam o pacote sueco, com a participação de técnicos brasileiros na fase final do projeto e na construção do caça.
A Embraer fez inclusive um parecer para a FAB, porque é beneficiada duplamente pelo pacote: pela transferência de tecnologia e porque os três países se comprometeram a adquirir aviões brasileiros no pacote de contrapartidas.


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