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PT detém 30 cargos-chave no ministério dado ao PMDB
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao recuperar o controle de
Minas e Energia, o PMDB encontrará uma pasta que na prática continuará a ser tocada pelo PT. São ao menos 30 cargos
de segundo escalão ocupados
por petistas, todos obedientes à
sua madrinha política, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
responsável por montar a equipe, há cinco anos.
Várias dessas funções entraram na mira dos peemedebistas, que devem travar um cabo-de-guerra com a turma de Dilma. A poderosa ministra e gerente do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
no qual estão incluídas obras
energéticas, alega que a equipe
não pode ser modificada repentinamente com o crescente risco de um apagão elétrico.
Numa primeira investida, o
PMDB quer tirar do PT o cargo
de secretário-executivo, hoje
exercido pelo ministro interino, Nelson Hubner, e as diretorias da Eletrobrás e da Eletrosul, ocupadas respectivamente
por Valter Cardeal e Ronaldo
Custódio, ligados a Dilma.
"Vamos indicar de imediato
nomes para compor pelo menos os principais cargos. É natural que fiquem com o PMDB
se o ministério é controlado
por um peemedebista", diz o líder do partido na Câmara,
Henrique Alves (RN).
O fato de o PT se apropriar de
pastas que nominalmente não
controla é facilmente comprovada em Minas e Energia. É essa falta de cerimônia nos ministérios alheios que mais incomoda outras siglas governistas.
Está claro também que os petistas não vão se desfazer dos
cargos tão facilmente. Alves admite a necessidade de uma
composição. "Teremos que trabalhar com petistas no ministério." No total, o PT tem 11 diretorias das estatais do setor elétrico. Na Eletrobrás, três dos
quatro diretores são petistas.
Na Eletrosul, os dois membros
da diretoria são do PT.
Na Eletronorte estão dois petistas, um deles Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro Antonio Palocci. Os peemedebistas querem entregar o comando a um apadrinhado do deputado Jader Barbalho. Há ainda
dois petistas na Chesf (Companhia Hidroelétrica do São
Francisco), um em Furnas e
um na Eletronuclear.
O PT preside ainda a Empresa de Pesquisa Energética e
controla o setor de geologia e
pesquisa mineral do ministério. O Luz para Todos, um dos
mais chamativos programas da
pasta, é praticamente todo controlado por petistas e por seus
aliados da CUT (Central Única
dos Trabalhadores).
Vários coordenadores estaduais do programa, cuja rotina
é inaugurar postes e ligações
residenciais em pequenas localidades, tem pretensões políticas. Muitos são ex-candidatos
do PT a deputado e vereador.
Por ser uma pasta estratégica, com orçamento anual que
passa dos R$ 5 bilhões, Minas e
Energia tradicionalmente é
uma das jóias da Esplanada.
A Folha ligou para a assessoria da pasta para que as indicações políticas fossem comentadas, mas até a conclusão desta
edição não houve resposta.
No ano passado, o PMDB da
Câmara dos Deputados jogou
pesado para conquistar a presidência de Furnas para o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo
Conde, chegando a ameaçar
uma rebelião contra a CPMF.
O PR, cuja área de atuação é
o Ministério dos Transportes,
também almeja tirar sua casquinha no setor energético. Há
meses faz lobby para que o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara ganhe um cargo na
Chesf, responsável pelo abastecimento na região Nordeste.
"Cadê o cargo do Lúcio Alcântara?", reclama o líder do PR na
Câmara, Luciano Castro.
O líder do PT na Câmara,
Luiz Sérgio (RJ), afirma que
seu partido não merece ser varrido do Ministério de Minas e
Energia. "É justo que o PMDB
volte ao ministério, mas não
pode, neste processo, criar atritos com um partido aliado como o PT. Na formação do governo de coalizão, temos sido
bastante compreensivos", afirmou Sérgio.
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