São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Painel

RANIER BRAGON (Interino) - painel@uol.com.br

Crédito rotativo

Um ano depois do escândalo que derrubou a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e desencadeou uma CPI no Congresso, o governo reduziu os gastos com cartões corporativos em 2008: foram R$ 55,2 milhões até novembro -as faturas de dezembro ainda não foram lançadas. A menos que as despesas médias tenham quadruplicado no último mês do ano, o valor não chegará nem perto dos R$ 76,2 milhões gastos em 2007. Os extratos revelam que a maioria dos ministros não usa mais o crédito. Na Esplanada, só seguem passando o cartão em hotéis e restaurantes, ainda que com valores moderados, José Gomes Temporão (Saúde) e Carlos Minc (Meio Ambiente).



Espeto. Na contramão dos ministros, as Forças Armadas seguem bancando contas altas, com predileção por churrascarias. Além do Comando da Marinha, Aeronáutica e do Exército, há gastos expressivos de oficiais lotados no próprio Ministério da Defesa.

Cinto. Também houve redução nos gastos da Abin, que são sigilosos, de R$ 11,5 mi em 2007 para R$ 6,6 mi entre janeiro e novembro do ano passado. No caso da Presidência, os valores desembolsados pelos seguranças de Lula e de seus familiares no ABC e em Florianópolis agora são secretos -R$ 4,8 milhões.

Criatividade 1. Técnicos do Ministério do Planejamento se assustaram com o jornalzinho produzido por uma das turmas de novos funcionários públicos que fazem curso de especialização. Não com o conteúdo, mas com o título do informe: "Gestapo".

Criatividade 2. Os autores argumentam que o nome da polícia secreta do regime nazista foi usado porque reúne as iniciais das carreiras: "GEST", de gestor público, e "APO" de assessoria de planejamento e orçamento. O jornal está na segunda edição.

Vigilância. O projeto de lei disciplinando a transição de governos que Lula enviará ao Congresso em fevereiro trará a obrigação de que o prefeito que sai deixe ao sucessor um relatório com todas as despesas que terão impacto nos cem primeiros dias do novo mandato. Também estaria obrigado a montar um gabinete de transição.

Vigilância 2. Com relatórios de despesas, ficaria mais fácil a punição de prefeitos que passam o cargo com falta de estrutura ou com gastos absurdos no apagar das luzes.

Déficit. Do coordenador nacional do MST João Paulo Rodrigues, no site do PC do B: "Foi o pior dos seis anos de governo Lula em relação à política agrária [...] Isso deixa um clima de hostilidade a essa forma de governar. Além de criar um conjunto de problemas ambientais e sociais, não é uma política que distribui renda no campo".

Feira. A Força Sindical planeja uma série de manifestações pelo país nos dias 20 e 21, datas da reunião do Banco Central para definir a nova taxa de juros da economia. Uma ideia é repetir em várias cidades simultaneamente a "sardinhada" realizada em Brasília no mês passado.

Controle remoto. Padrinho político do novo prefeito de Canoas (RS), Jairo Jorge, o ministro Tarso Genro (Justiça) emplacou o novo secretário de Segurança Pública do município. É o seu ex-assessor Alberto Kopittke.

Feudo. O PP pretende indicar o substituto do petista Luiz Carlos Bertotto, ex-diretor na Secretaria de Transportes do Ministério das Cidades, que saiu para trabalhar na Prefeitura de Canoas. Sua exoneração foi publicada anteontem. "Não está escrito nas estrelas que o PT tem que manter o cargo num ministério do PP", diz o líder do partido na Câmara, deputado Mário Negromonte (BA).

Artigo nacional. O jornal búlgaro "Standart News" publicou em novembro artigo torcendo para que a próxima presidente do Brasil seja Dilma Rousseff -cujo pai, Pedro, é imigrante do país do leste europeu. "Teremos uma garota búlgara governando o Brasil?", pergunta o diário.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O Michel Temer diz já ter 430 votos, que é o mesmo que teve a candidatura única de João Paulo em 2003. Deve estar achando que só eu, Aldo Rebelo e Serraglio não vamos votar nele."


Do deputado CIRO NOGUEIRA (PP-PI), candidato à presidência da Câmara, sobre os apoios que seu adversário declarou ter obtido.

Contraponto

Esquema tático

Em outubro, Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do BC, Henrique Meirelles, falavam sobre a crise na Câmara até que o segundo teve de se ausentar. Já no final da sessão, Meirelles retornou em meio ao bombardeio da oposição. Percebendo a situação, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), interveio:
-Vou dar a palavra ao Mantega. Se for preciso você complementa. Dá tempo de entrar no clima...
E emendou:
-Aliás, é bom fazer um aquecimento na beira do campo!


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