|
Texto Anterior | Índice
SÃO FRANCISCO
Auditoria do TCU pode atrasar transposição do São Francisco
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Casa Civil diz em documento enviado ao TCU (Tribunal de Contas da União)
que problemas apontados
por auditorias do tribunal
podem atrasar dez projetos
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), entre eles a transposição do rio
São Francisco. A informação
consta de relatório do TCU.
No documento, no entanto, o
governo mantém avaliação
mais otimista que o tribunal
sobre o fim das obras.
Na obra do São Francisco,
a Casa Civil concede "selo
verde" ao projeto, ou seja,
considera que ele tem pequeno atraso no cronograma
passível de ser recuperado.
Os auditores, valendo-se
do mesmo método do governo, conferem à transposição
o "selo amarelo", indicando
que a obra não será entregue
na data prevista nem mesmo
ampliando o prazo em 30%.
Os problemas encontrados pelo TCU, batizados de
"achados de auditoria", são
técnicos. No relatório, a
principal constatação do trabalho foi a "deficiência no
projeto básico para a licitação das obras". O projeto básico, segundo o TCU, deve
definir o traçado mais viável
e econômico para canais e
barragens da transposição.
No documento, de 24 de
novembro, a Casa Civil diz,
segundo o tribunal, que 2 dos
14 lotes da transposição devem sofrer atrasos. Segundo
o governo, o Ministério da
Integração Nacional, responsável pela obra, tem um
sistema de acompanhamento em tempo real, evitando
"descompasso entre o valor
orçado e o efetivamente gasto". Procurada pela Folha, a
Casa Civil informou que o
problema relativo à transposição, apontado pelo tribunal, está resolvido e mantém
o "selo verde". Segundo o governo, o TCU adota critérios
diferentes da Casa Civil ao
avaliar o andamento das
obras do PAC.
Entre os outros projetos
passíveis de atraso, diz o governo, estão a ampliação do
aeroporto de Brasília, obras
no aeroporto de Florianópolis e a construção de terminal de passageiros e pátio de
aeronaves no aeroporto de
Guarulhos.
A transposição tem importância vital para o governo,
que quer terminar a maior
parte da obra até outubro de
2010, impossibilitando o
próximo governo de abandoná-la ou de se beneficiar politicamente dela.
De 12 a 17 de dezembro, a
Folha percorreu trechos da
rota da transposição em Pernambuco e na Paraíba. A
obra deixa moradores do
sertão pernambucano e da
região do Cariri paraibano
na expectativa de aposentar
as carroças, puxadas por jegues, usadas para transportar água de açudes. Há trechos em que a transposição
se resume a estacas marcando onde passarão os canais.
Texto Anterior: Saiba mais: Emigração começou na década de 50 Índice
|