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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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Justiça baiana vai investigar grampo contra deputados

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Depois da Polícia Federal, o Tribunal de Justiça da Bahia resolveu investigar a origem dos grampos em aparelhos telefônicos de deputados e ex-parlamentares que fazem oposição ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Ontem, o presidente do TJ baiano, desembargador Carlos Alberto Dultra Cintra, encaminhou um requerimento às principais operadoras de telefonia móvel do Estado (Telebahia Celular e TIM) solicitando cópias de todos os documentos com pedidos de rastreamentos.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, o mesmo ofício foi encaminhado à Secretaria da Segurança Pública -que teria fraudado uma autorização judicial para incluir os nomes dos parlamentares grampeados- e para a juíza Tereza Cristina Navarro Ribeiro, que solicitou o monitoramento.
Antes de embarcar para Brasília, o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, disse que vai solicitar hoje a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a fraude. "Vou até as últimas consequências para saber os nomes dos autores intelectuais do grampo", disse ele, que teve um telefone celular monitorado, sem ordem judicial.
"O documento encaminhado pela Secretaria da Segurança Pública para a minha operadora não tinha sequer a assinatura da juíza, era uma folha anexa a outros pedidos", disse Pellegrino. Segundo ele, "as principais lideranças políticas da Bahia sabiam que os telefones de deputados da oposição estavam grampeados".
"O fato é muito grave para permanecer apenas no terceiro escalão do governo. Está na cara que pessoas graúdas sabiam de tudo", afirmou.
O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), o primeiro a denunciar o grampo à Polícia Federal, disse que apóia a abertura de uma CPI e pediu a transcrição de todas as fitas.
"Minha vida é limpa, quero ver todas as transcrições. Agora quero que a Justiça vá fundo para descobrir o autor intelectual de um crime tão bárbaro. Acho que o chantagista de plantão deveria vir a público e mostrar as provas do crime."
Em conversa reservada com o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, Geddel apontou ACM como o principal suspeito do grampo. O pefelista negou qualquer participação nos grampos.
Ontem, o secretário da Segurança Pública da Bahia, Edson Sá Rocha, determinou a instalação de uma comissão de sindicância para apurar a eventual participação de funcionários do órgão no grampo. Sá disse que a comissão será formada por três funcionários da SSP.
Para a PF, o principal suspeito de adulterar o despacho da juíza Tereza Ribeiro para acrescentar os nomes dos deputados grampeados é o engenheiro Alan Farias, assessor especial da SSP. Desde que as denúncias foram divulgadas, Farias não comparece ao órgão para trabalhar. Nos últimos quatro dias, o seu telefone celular permaneceu desligado.


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