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Justiça baiana vai
investigar grampo
contra deputados
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Depois da Polícia Federal, o
Tribunal de Justiça da Bahia resolveu investigar a origem dos
grampos em aparelhos telefônicos de deputados e ex-parlamentares que fazem oposição
ao senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL).
Ontem, o presidente do TJ
baiano, desembargador Carlos
Alberto Dultra Cintra, encaminhou um requerimento às
principais operadoras de telefonia móvel do Estado (Telebahia Celular e TIM) solicitando
cópias de todos os documentos
com pedidos de rastreamentos.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, o mesmo ofício
foi encaminhado à Secretaria
da Segurança Pública -que teria fraudado uma autorização
judicial para incluir os nomes
dos parlamentares grampeados- e para a juíza Tereza
Cristina Navarro Ribeiro, que
solicitou o monitoramento.
Antes de embarcar para Brasília, o líder do PT na Câmara,
Nelson Pellegrino, disse que vai
solicitar hoje a instalação de
uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a
fraude. "Vou até as últimas
consequências para saber os
nomes dos autores intelectuais
do grampo", disse ele, que teve
um telefone celular monitorado, sem ordem judicial.
"O documento encaminhado
pela Secretaria da Segurança
Pública para a minha operadora não tinha sequer a assinatura da juíza, era uma folha anexa
a outros pedidos", disse Pellegrino. Segundo ele, "as principais lideranças políticas da Bahia sabiam que os telefones de
deputados da oposição estavam grampeados".
"O fato é muito grave para
permanecer apenas no terceiro
escalão do governo. Está na cara que pessoas graúdas sabiam
de tudo", afirmou.
O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB), o primeiro a denunciar o grampo à Polícia Federal, disse que apóia a abertura de uma CPI e pediu a transcrição de todas as fitas.
"Minha vida é limpa, quero
ver todas as transcrições. Agora quero que a Justiça vá fundo
para descobrir o autor intelectual de um crime tão bárbaro.
Acho que o chantagista de
plantão deveria vir a público e
mostrar as provas do crime."
Em conversa reservada com
o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda,
Geddel apontou ACM como o
principal suspeito do grampo.
O pefelista negou qualquer
participação nos grampos.
Ontem, o secretário da Segurança Pública da Bahia, Edson
Sá Rocha, determinou a instalação de uma comissão de sindicância para apurar a eventual
participação de funcionários
do órgão no grampo. Sá disse
que a comissão será formada
por três funcionários da SSP.
Para a PF, o principal suspeito de adulterar o despacho da
juíza Tereza Ribeiro para acrescentar os nomes dos deputados
grampeados é o engenheiro
Alan Farias, assessor especial
da SSP. Desde que as denúncias
foram divulgadas, Farias não
comparece ao órgão para trabalhar. Nos últimos quatro
dias, o seu telefone celular permaneceu desligado.
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