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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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TIROTEIO BAIANO

Presidente da Câmara diz que escutas ilegais contra Geddel, Pellegrino e Benito são "caso de polícia, não de CPI"

João Paulo é contra CPI para apurar grampo

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo (PT-SP), disse ontem ser contra a instalação de uma CPI para apurar o grampo ilegal feito, entre outras, nas ligações de telefones celulares dos deputados federais Geddel Vieira Lima (PMDB) e Nelson Pellegrino (PT) e do ex-deputado Benito Gama (PMDB).
Os três são da Bahia e são inimigos políticos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que vem sendo apontado, em conversas reservadas do meio político baiano, como o principal suspeito de ter comandado o ato ilegal.
"Acho que é um crime o que aconteceu. É um caso de polícia, não de CPI. A Polícia Federal tem que apurar, punir e, se preciso, prender os responsáveis. Cometeu-se um ato de violência contra as pessoas, independentemente de elas serem deputados", disse João Paulo.
Para ele, o caso não é matéria técnica de investigação de uma CPI, mas sim de atuação policial. A posição contrasta com a de Pellegrino, líder da bancada do PT na Câmara, que cobra a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito como forma de esclarecer o caso. Os dois se reúnem hoje para tratar do assunto.

Período eleitoral
Pellegrino, Geddel e Benito tiveram as ligações monitoradas no ano passado -durante o período eleitoral (no caso de Benito, o celular da mulher e da filha também foram grampeados)- por meio da adulteração de uma ordem judicial que autorizava a escuta em celulares pertencentes a suspeitos de participação em um sequestro no interior da Bahia.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia -na época, o governador era Otto Alencar (PL), aliado de ACM- foi a autora do pedido à Justiça. Na ocasião, ela elaborou um ofício que foi enviado à operadora de telefonia celular Tim Maxitel em que solicita a escuta, "conforme mandado em anexo", mas incluiu no texto números que não constava na decisão judicial, entre eles os de Geddel, Pellegrino e Benito.
O caso veio à tona depois que Geddel solicitou investigação à PF, que abriu inquérito e detectou a fraudes. O caso está sendo acompanhado pela Procuradoria Geral da República. Os três políticos, além do deputado Jutahy Magalhães, se reúnem hoje com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para tratar do assunto.
O ministro do Trabalho, Jaques Wagner, afirmou, por meio de sua assessoria, estar "indignado" com a história. Ele investigava ontem se algum telefone seu ou de algum assessor estava na lista de grampo.
Na época da escuta, o hoje ministro, que também é adversário político de ACM, estava em campanha para o governo da Bahia.
Benito afirmou que quer processar a Tim Maxitel Para ele, "co-autora da fraude". Segundo ele, o representante da empresa para quem foi enviado o ofício da secretaria, Charles Mota, é de uma família aliada política de ACM.


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