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TIROTEIO BAIANO
Presidente da Câmara diz que escutas ilegais contra Geddel, Pellegrino e Benito são "caso de polícia, não de CPI"
João Paulo é contra CPI para apurar grampo
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo (PT-SP),
disse ontem ser contra a instalação de uma CPI para apurar o
grampo ilegal feito, entre outras,
nas ligações de telefones celulares
dos deputados federais Geddel
Vieira Lima (PMDB) e Nelson Pellegrino (PT) e do ex-deputado
Benito Gama (PMDB).
Os três são da Bahia e são inimigos políticos do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), que
vem sendo apontado, em conversas reservadas do meio político
baiano, como o principal suspeito
de ter comandado o ato ilegal.
"Acho que é um crime o que
aconteceu. É um caso de polícia,
não de CPI. A Polícia Federal tem
que apurar, punir e, se preciso,
prender os responsáveis. Cometeu-se um ato de violência contra
as pessoas, independentemente
de elas serem deputados", disse
João Paulo.
Para ele, o caso não é matéria
técnica de investigação de uma
CPI, mas sim de atuação policial.
A posição contrasta com a de Pellegrino, líder da bancada do PT
na Câmara, que cobra a instalação
da Comissão Parlamentar de Inquérito como forma de esclarecer
o caso. Os dois se reúnem hoje para tratar do assunto.
Período eleitoral
Pellegrino, Geddel e Benito tiveram as ligações monitoradas no
ano passado -durante o período
eleitoral (no caso de Benito, o celular da mulher e da filha também
foram grampeados)- por meio
da adulteração de uma ordem judicial que autorizava a escuta em
celulares pertencentes a suspeitos
de participação em um sequestro
no interior da Bahia.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia -na época, o governador era Otto Alencar (PL),
aliado de ACM- foi a autora do
pedido à Justiça. Na ocasião, ela
elaborou um ofício que foi enviado à operadora de telefonia celular Tim Maxitel em que solicita a
escuta, "conforme mandado em
anexo", mas incluiu no texto números que não constava na decisão judicial, entre eles os de Geddel, Pellegrino e Benito.
O caso veio à tona depois que
Geddel solicitou investigação à
PF, que abriu inquérito e detectou
a fraudes. O caso está sendo
acompanhado pela Procuradoria
Geral da República. Os três políticos, além do deputado Jutahy Magalhães, se reúnem hoje com o
ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) para tratar do assunto.
O ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, afirmou, por meio de
sua assessoria, estar "indignado"
com a história. Ele investigava ontem se algum telefone seu ou de
algum assessor estava na lista de
grampo.
Na época da escuta, o hoje ministro, que também é adversário
político de ACM, estava em campanha para o governo da Bahia.
Benito afirmou que quer processar a Tim Maxitel Para ele, "co-autora da fraude". Segundo ele, o
representante da empresa para
quem foi enviado o ofício da secretaria, Charles Mota, é de uma
família aliada política de ACM.
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