São Paulo, sábado, 11 de fevereiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Grupo de intelectuais que inclui ex-entusiastas de Lula cria página na internet para prefeito, mas partido diz ser propaganda indevida

PSDB tenta tirar do ar site de apoio a Serra

CRISTINA FIBE
LEANDRO BEGUOCI
DA REDAÇÃO

Um grupo de intelectuais, que inclui ex-entusiastas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lançou ontem um manifesto na internet que apóia a candidatura do prefeito de São Paulo, o tucano José Serra, para a Presidência.
O texto, que pode ser lido no site www.joseserrapresidente.com. br, porém, pode ser desalojado em breve. O PSDB não aprovou a iniciativa. Ainda ontem, por meio de sua assessoria, o partido afirmou que entrará com representação no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) contra o site. Disse que é "propaganda fora de época, que prejudica o partido".
Aloysio Nunes Ferreira, secretário de Governo de Serra na Prefeitura, afirmou que o PSDB foi "pego de surpresa".
O responsável pelo endereço é o economista e professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) José Márcio Rego, segundo quem a iniciativa não teve o aval de Serra nem do partido. Informado pela Folha sobre a reação do PSDB, Rego se disse surpreso. "Trata-se de manifestação da sociedade civil, sem vínculo partidário", afirmou. Para Rego, não deverá haver problema jurídico, pois a questão é de "liberdade de expressão".
Serra, em viagem a Washington, disse não saber do lançamento do site. Os intelectuais ratificam a versão. Rego explica que o apoio é "suprapartidário", de um "grupo de intelectuais que acha que Serra deve ser candidato".
Segundo ele, a página foi feita por pessoas ligadas ao grupo. "Não diria que é à sua revelia [de Serra], mas com total desvinculação", afirmou Rego. "Se ele vai gostar ou não, eu não sei."
A assessora de imprensa da campanha de Serra à prefeitura em 2004, Lu Fernandes, foi encarregada pelo grupo de confeccionar a página: "Fiz isso porque sempre apoiei o Serra e conheço as pessoas que tomaram a iniciativa de criar o site", disse.
Em Washington, Serra disse que "ainda não é o momento" político de falar sobre a sucessão de Lula e afirmou que nem ele nem o PSDB estão fazendo "mistério" sobre o candidato. Segundo ele, discussões públicas sobre eleições costumam ocorrer com "antecedência" apenas entre "partidos, intelectuais e jornalistas".

Eleitor de Lula
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que é filiado ao PPS e votou em Lula em 2002 contra Serra, participou da iniciativa e da elaboração do manifesto publicado no site e que contava, até ontem, com 15 assinaturas.
Belluzzo diz que tem uma "relação de 25 anos" com Serra, mas que não conversou com o prefeito sobre o site. "Eu não falei com o Serra, mas sei que é postulante à candidatura pelo PSDB. Eu não teria assinado um manifesto por uma pessoa que não quer nada."
Segundo a Folha apurou, os dois, que torcem para o mesmo time de futebol, o Palmeiras, estiveram juntos na casa de um amigo comum no dia 1º para assistir ao jogo da equipe contra o Deportivo Táchira, da Venezuela.
Belluzzo diz não querer se envolver na "disputa do PSDB" nem ter "nada contra" o governador Geraldo Alckmin, pré-candidato pelo partido, mas afirma ter assumido a posição como "paulistano". "Nós, paulistanos, temos que desobrigar o Serra desse compromisso que ele assumiu [de permanecer na prefeitura até o fim do mandato]. O Brasil está em primeiro lugar", afirmou.

Tempo na TV
O TRE-SP cassou nove minutos de propaganda partidária do PSDB por promoção indevida de Serra. A perda do tempo deverá ocorrer em 2007, quando haverá inserções desse tipo.
A lei proíbe propaganda partidária gratuita a partir de 1º de julho do ano da eleição. Isso acontece porque há diferenças entre propaganda partidária, que divulga o partido, e a eleitoral, que promove os candidatos do partido.
A medida foi tomada a partir de uma representação do PT. A propaganda veiculada em outubro de 2005, no horário destinado à propaganda partidária gratuita, mostrava os feitos administrativos do prefeito. No final da peça, Serra afirmava que o futuro do Brasil começa na sala de aula. O PSDB afirmou que irá recorrer.


Colaboraram CATIA SEABRA, da Reportagem Local, e IURI DANTAS, de Washington

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