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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Grupo de intelectuais que inclui ex-entusiastas de Lula cria página na internet para prefeito, mas partido diz ser propaganda indevida
PSDB tenta tirar do ar site de apoio a Serra
CRISTINA FIBE
LEANDRO BEGUOCI
DA REDAÇÃO
Um grupo de intelectuais, que
inclui ex-entusiastas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lançou ontem um manifesto na internet que apóia a candidatura do
prefeito de São Paulo, o tucano José Serra, para a Presidência.
O texto, que pode ser lido no site
www.joseserrapresidente.com.
br, porém, pode ser desalojado
em breve. O PSDB não aprovou a
iniciativa. Ainda ontem, por meio
de sua assessoria, o partido afirmou que entrará com representação no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) contra o site. Disse
que é "propaganda fora de época,
que prejudica o partido".
Aloysio Nunes Ferreira, secretário de Governo de Serra na Prefeitura, afirmou que o PSDB foi "pego de surpresa".
O responsável pelo endereço é o
economista e professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) José Márcio Rego, segundo quem a
iniciativa não teve o aval de Serra
nem do partido. Informado pela
Folha sobre a reação do PSDB,
Rego se disse surpreso. "Trata-se
de manifestação da sociedade civil, sem vínculo partidário", afirmou. Para Rego, não deverá haver
problema jurídico, pois a questão
é de "liberdade de expressão".
Serra, em viagem a Washington, disse não saber do lançamento do site. Os intelectuais ratificam a versão. Rego explica que o
apoio é "suprapartidário", de um
"grupo de intelectuais que acha
que Serra deve ser candidato".
Segundo ele, a página foi feita
por pessoas ligadas ao grupo.
"Não diria que é à sua revelia [de
Serra], mas com total desvinculação", afirmou Rego. "Se ele vai
gostar ou não, eu não sei."
A assessora de imprensa da
campanha de Serra à prefeitura
em 2004, Lu Fernandes, foi encarregada pelo grupo de confeccionar a página: "Fiz isso porque
sempre apoiei o Serra e conheço
as pessoas que tomaram a iniciativa de criar o site", disse.
Em Washington, Serra disse
que "ainda não é o momento" político de falar sobre a sucessão de
Lula e afirmou que nem ele nem o
PSDB estão fazendo "mistério"
sobre o candidato. Segundo ele,
discussões públicas sobre eleições
costumam ocorrer com "antecedência" apenas entre "partidos,
intelectuais e jornalistas".
Eleitor de Lula
O economista Luiz Gonzaga
Belluzzo, que é filiado ao PPS e
votou em Lula em 2002 contra
Serra, participou da iniciativa e da
elaboração do manifesto publicado no site e que contava, até ontem, com 15 assinaturas.
Belluzzo diz que tem uma "relação de 25 anos" com Serra, mas
que não conversou com o prefeito
sobre o site. "Eu não falei com o
Serra, mas sei que é postulante à
candidatura pelo PSDB. Eu não
teria assinado um manifesto por
uma pessoa que não quer nada."
Segundo a Folha apurou, os
dois, que torcem para o mesmo time de futebol, o Palmeiras, estiveram juntos na casa de um amigo
comum no dia 1º para assistir ao
jogo da equipe contra o Deportivo
Táchira, da Venezuela.
Belluzzo diz não querer se envolver na "disputa do PSDB" nem
ter "nada contra" o governador
Geraldo Alckmin, pré-candidato
pelo partido, mas afirma ter assumido a posição como "paulistano". "Nós, paulistanos, temos que
desobrigar o Serra desse compromisso que ele assumiu [de permanecer na prefeitura até o fim do
mandato]. O Brasil está em primeiro lugar", afirmou.
Tempo na TV
O TRE-SP cassou nove minutos
de propaganda partidária do
PSDB por promoção indevida de
Serra. A perda do tempo deverá
ocorrer em 2007, quando haverá
inserções desse tipo.
A lei proíbe propaganda partidária gratuita a partir de 1º de julho do ano da eleição. Isso acontece porque há diferenças entre
propaganda partidária, que divulga o partido, e a eleitoral, que promove os candidatos do partido.
A medida foi tomada a partir de
uma representação do PT. A propaganda veiculada em outubro de
2005, no horário destinado à propaganda partidária gratuita, mostrava os feitos administrativos do
prefeito. No final da peça, Serra
afirmava que o futuro do Brasil
começa na sala de aula. O PSDB
afirmou que irá recorrer.
Colaboraram CATIA SEABRA, da
Reportagem Local, e IURI DANTAS, de
Washington
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