Um dia após criticar o comportamento de petistas, presidente afirma que partido tem mais responsabilidades agora

Em discurso, Lula exalta o biodiesel e declara que os EUA ainda se "curvarão" à tecnologia do Brasil na produção de combustível

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IRAQUARA (BA)

Um dia depois de dar uma mensagem considerada dura ao comando do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não existe racha entre os petistas e que não quer fomentar a disputa no partido.
O presidente participou da inauguração de uma fábrica de biodiesel em Iraquara (494 km de Salvador) e, em entrevista, afirmou que é "uma espécie de magistrado" na disputa interna do partido.
"Não tem por que o presidente da República se meter nas disputas internas do PT, não me meto na disputa de outros partidos. Às vezes, as pessoas pedem a opinião do presidente e eu prefiro não dar opinião. O que quero é conviver com o resultado da disputa, e não fomentar a disputa."
De acordo com o presidente, o PT precisa "ter sensibilidade" para sair fortalecido da disputa interna. "Estamos torcendo para que o PT saiba que a responsabilidade do partido que tem o presidente da República é maior do que o PT tinha quando era oposição."
Lula disse que a disputa partidária é importante para os planos do PT. "Vai ter uma disputa, vai ter uma direção, cada grupamento vai apresentar uma tese, esta tese vai para a votação, vai ganhar uma [tese]. Depois, as pessoas vão apresentar emendas e, no final, vai sair um documento para balizar o comportamento do PT nos próximos anos", afirmou.
O presidente percorreu as instalações da fábrica da Brasil Ecodiesel e ganhou uma muda de mamona de presente. "Isto aqui é um "pezinho" de biodiesel. Vou plantar na Granja do Torto", disse.
No discurso, o presidente disse que os "americanos terão de se curvar à tecnologia brasileira do álcool e do biodiesel". No próximo mês, o brasileiro receberá a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e um dos temas do encontro será o uso do biodiesel.
Prevista para começar às 10h, a solenidade de inauguração sofreu um atraso de duas horas -Lula e os convidados da empresa somente chegaram ao palanque às 12h (horário de Brasília). Três mulheres não agüentaram o forte calor (34º C) e desmaiaram. Todas tiveram de ser carregadas por seguranças, antes de receberem o atendimento médico.
Além do presidente e do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), compareceram à solenidade o governador, do Piauí, o também petista Wellington Dias, os ministros Silas Rondeau (Minas e Energia) e Celso Amorim (Relações Exteriores), o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).


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