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Tucanos querem abrir duas CPIs para investigar cartões
Estratégia é criar comissão na Câmara paralela à do Senado, incentivada pelo governo
Segundo o líder do PSDB,
Antonio Carlos Pannunzio,
a CPI na Câmara terá apoio
"razoável de parlamentares
sérios de outros partidos"
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da resistência do governo em criar uma Comissão
Parlamentar de Inquérito mista para investigar o uso de cartões corporativos do governo
federal, o PSDB decidiu mudar
de estratégia e propor a criação
de duas CPIs para o mesmo tema: uma na Câmara e outra no
Senado. A idéia será discutida
hoje, em reunião dos partidos
da oposição na Câmara.
"Se sair a CPI governista do
Senado, faremos uma CPI da
Câmara. Esta vai ser uma semana decisiva", disse o líder do
PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), para quem
a CPI na Câmara contará com o
apoio "razoável de parlamentares sérios de outros partidos"
fora os da oposição.
O governo teme que uma CPI
mista contamine os trabalhos
no Congresso, já que envolverá
deputados e senadores, por isso
trabalha por uma comissão só
no Senado. O líder do governo
no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), prometeu apresentar hoje as 27 assinaturas
para criar a CPI, com ou sem o
apoio da oposição na Casa.
O líder do DEM no Senado,
José Agripino Maia (RN), fará
hoje nova tentativa de convencer o governo a aceitar a CPI
mista. Ele convidou os líderes
do Senado para uma reunião.
Para Agripino, a informação
publicada ontem pela Folha de
que 44% dos cartões corporativos estão nas mãos de funcionários de confiança do governo
reforça a necessidade da CPI.
"Se formos atrás dessas pessoas veremos que são todos indicados do PT. O grande pecado está nos saques em dinheiro
que possibilitam comprar para
si e para terceiros", disse.
A reportagem reforça "a suspeita de que houve gasto exagerado", disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
O objetivo da oposição é descobrir saques que pagaram
despesas pessoais da família do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. "Esse pessoal já mostrou
que não pode ver cofre. O problema não é o cartão, mas a
mentalidade de quem o comanda", disse o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
As declarações do ministro
Tarso Genro (Justiça) ontem,
de que não há "erros" no uso de
cartões e que a oposição criou
uma "crise artificial" porque
está sem discurso acirrou mais
os ânimos. "O ministro deveria
ter cautela. Isso pode parar nas
mãos dele, pois virou caso de
polícia", disse Heráclito.
O líder do PMDB na Câmara,
deputado Henrique Alves
(RN), disse que a iniciativa do
governo de propor uma CPI no
Senado dificultará barrar uma
CPI também na Câmara. "Se o
governo tomou a iniciativa no
Senado, não tem como orientar
contra na Câmara. Mas não
acho correto ter duas CPIs para o mesmo assunto", declarou.
Na contramão dos colegas
governistas, Alves reconheceu
"descuido" no uso dos cartões.
"São deslizes que mostram relaxamento, falta de critério."
Dados do próprio governo
indicaram que os cartões foram usados para pagar free
shop, hotéis de luxo em feriados, tapioca, aluguéis de carros
e até reforma de mesa de sinuca. O escândalo derrubou a ex-ministra Matilde Ribeiro
(Igualdade Racial) e levou o
ministro Orlando Silva (Esportes) a anunciar a devolução dos
R$ 30 mil que gastou até que
suas contas sejam auditadas.
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