São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

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DEM indica ACM Neto para a corregedoria da Câmara

Deputado concorre com pedetista Manato à vaga deixada por Edmar Moreira

Temer desistiu de colocar em votação projeto que criaria uma corregedoria separada da Mesa; DEM adiou expulsão de Edmar


MARIA CLARA CABRAL
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) foi indicado pelo DEM para concorrer aos cargos de segundo-vice-presidente e corregedor da Câmara no lugar de Edmar Moreira (DEM-MG), que, alvo de denúncias, renunciou aos postos.
ACM Neto recebeu o apoio das principais legendas e iria concorrer sozinho até as 22h de ontem, quando Manato (PDT-ES) registrou sua candidatura. Para se eleger, ACM precisa vencer a resistência do baixo clero, que escolheu Moreira.
O acordo que lançou o nome de ACM Neto, considerado capaz de evitar o vexame de perder uma disputa solitária, foi costurado com o aval do presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Com isso, Temer recuou da ideia de colocar em votação projeto que criaria uma corregedoria independente da Mesa Diretora.
Ontem, o DEM também adiou a decisão de expulsar sumariamente Edmar Moreira. O presidente da sigla, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que, em sua visão, o ex-corregedor já não faz mais parte do partido, uma vez que ele pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sua desfiliação.
Mas a decisão segue cautela sugerida pelos advogados do partido. Eles temem perder a vaga de Moreira na Câmara caso o TSE entenda que ele sofreu perseguição política. Além disso, o DEM também quer evitar uma retaliação em massa do baixo clero na votação de hoje.
Acusado de omitir da sua declaração de bens um castelo em Minas, Moreira pretende migrar para o PTB, presidido pelo deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), que defendeu o colega. "Ele caiu no imaginário da população por causa do castelo. Hoje, ou se é bruxa ou princesa. E ele sai da história como bruxa, mas não é bandido."
Ao recuar da decisão de uma corregedoria independente, Temer anunciou a criação de uma comissão para analisar a ideia, fato que virou piada entre os deputados -uma frase do folclore político de Brasília diz que, quando não se quer tomar decisão, cria-se uma comissão.

Sem medo
Neto do senador morto Antônio Carlos Magalhães (DEM), ACM Neto, 30, chegou ao Congresso em 2003. Ganhou fama no caso do mensalão, em 2005, quando foi um dos parlamentares de oposição mais atuantes na CPI dos Correios. Em quase dez anos de vida pública, ACM Neto construiu uma pequena fortuna, fazendo saltar o seu patrimônio de R$ 57 mil, em 2000, para R$ 1,64 milhão, em 2008. Ele disse não temer ter a vida devassada se virar corregedor: "Se tivesse, não me candidataria".


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