São Paulo, quarta, 11 de fevereiro de 1998

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Diretor do BNDES faz elogio à empresa

e de Brasília

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização do governo federal, está satisfeito com a estratégia de longo prazo da Light e considera que os problemas atuais da empresa são "conjunturais", decorrentes do calor e do aumento do consumo de energia.
A análise é de Durval Soledade, diretor do BNDESPar (BNDES Participações) e membro suplente do Conselho de Administração da Light. O BNDESPar detém 9,14% do capital votante da Light.
O órgão participa do Conselho de Administração, que traça a política geral da empresa, mas não faz parte da diretoria executiva, entregue aos sócios operadores. Também a Eletrobrás, dona de 29,36% do capital votante, está fora da sua gestão executiva.
Com a crise vivida pela distribuidora de energia do Rio neste verão, surgiram pressões para que os sócios estatais participem mais efetivamente da gestão da empresa, privatizada em maio de 1996.
Soledade disse que, se o banco e a Eletrobrás quisessem pressionar, até obteriam um lugar na diretoria da Light. Mas ele considera que isso seria um erro. "Seria uma medida de efeito meramente político, sem nenhum efeito prático."
Soledade não é uma voz isolada dentro do BNDES. Mesmo sem querer entrar direto na polêmica, José Pio Borges, vice-presidente e diretor do banco para a área de desestatização, fez uma defesa discreta da Light na semana passada.
Soledade ressaltou que 98 será o segundo ano consecutivo em que a Light investe cerca de R$ 300 milhões e disse que "o tempo mostrará" que esses investimentos estão sendo bem feitos.
Sem mudanças
O ministro Raimundo Brito (Minas e Energia) descartou ontem alterações no programa de privatizações do setor elétrico.
"O programa de privatização continua. Fatos desse tipo são desagradáveis, mas eles refletem a deterioração que vinha acontecendo no sistema elétrico brasileiro", afirmou, referindo-se à má qualidade do abastecimento de energia pela Light e pela Cerj.
"Problemas pontuais nos sistemas elétricos, por melhores que sejam, podem acontecer. São resultado da deterioração continuada do sistema por falta de investimentos ao longo de anos e não são corrigidos da noite para o dia."
Brito defendeu o poder de fiscalização e regulamentação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e disse que regras básicas de regulamentação e proteção do consumidor já existem." (CHICO SANTOS e FERNANDO GODINHO)


Colaboraram Elvira Lobato e Isabel Clemente, da Sucursal do Rio


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