São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Posto avançado

Em desvantagem numérica, a oposição tentará criar hoje, na sessão que traçará a agenda da CPI dos Cartões Corporativos, as sub-relatorias de Sistematização e de Fiscalização e Controle. Oficialmente, o objetivo é desafogar a presidente, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Na prática, porém, trata-se de entregar um desses novos postos ao deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), colocando-o na linha de frente das investigações para "organizar provas" e "sistematizar documentos". Autor do requerimento da CPI, Sampaio municiaria a tropa demo-tucana, reduzindo a margem de manobra do relator petista.

Nem vem. Nos bastidores, a base do governo já se rebela contra o truque da oposição. "Se essa idéia avançar, vamos propor a sub-relatoria das contas tipo B", reage um petista com cadeira de titular na CPI. Ele se refere à modalidade de suprimento de fundos mais usada no período FHC.

Escalação. O governo resolveu substituir três senadores de perfil "pouco combativo" inicialmente indicados para a CPI: Fátima Cleide (PT-RO), João Ribeiro (PR-TO) e Serys Slhessarenko (PT-MT).

Básico. O PSDB preparou lista de requerimentos para votar já nas primeiras sessões. São pedidos de documentos ao TCU, Ministério Público e Controladoria Geral da União, além da convocação de ministros citados em denúncias de mau uso dos cartões.

Fominha. Exceto por Tião Viana (PT-AC), que presidiu o Senado interinamente, foi Mão Santa (PMDB-PI) quem comandou mais sessões em 2007 -96, segundo relatório divulgado ontem. Protagonista da crise, Renan Calheiros (PMDB-AL) presidiu 78.

Água no chope. O tradicional rodízio entre PMDB e PT, da Câmara e do Senado, nos principais cargos da Comissão de Orçamento está ameaçado. O DEM, segunda bancada no Senado, pleiteia o direito a designar o relator da peça de 2009, já que o PMDB da Câmara quer ficar com a presidência da comissão.

Municipal. Líder nas pesquisas sobre a sucessão paulistana, Geraldo Alckmin (PSDB) fez uma visita à casa de Paulinho (PDT), que também anuncia a intenção de concorrer. Dias depois, o deputado esteve com Aécio Neves, incentivador-maior da candidatura Alckmin.

Presidencial. Aécio manifestou a Paulinho o desejo de "construir um trabalho em São Paulo" com o bloco formado por PDT, PSB e PC do B.

Sinalização. Embora Alckmin tenha dito a Paulinho que gostaria de fazer uma aliança "à esquerda", Romeu Tuma (PTB) segue líder na bolsa de apostas para vice do tucano.

Uni-duni-tê. Com a decisão do PSB de não lançar Luiza Erundina, o presidente estadual do partido, Márcio França, propõe que o candidato do bloco seja escolhido a partir de uma pesquisa que avalie o potencial de Paulinho e de Aldo Rebelo (PC do B).

Vida real 1. Os petistas mais próximos de Marta Suplicy não trabalham com a hipótese do retorno da ministra à pasta do Turismo caso perca a eleição paulistana. Sabem que Lula não faria esse gesto.

Vida real 2. Da mesma forma, o grupo da ex-prefeita dá importância apenas relativa à escolha do vice, por achar que Marta teria escassas chances de sucesso caso tentasse repetir o movimento de José Serra, deixando o cargo para concorrer ao governo.

Bis. Marcelo Teixeira, marqueteiro de Paulo Maluf (PP) em 2004, quando o ex-prefeito não chegou ao segundo turno, deverá reassumir a função na campanha deste ano.

Tiroteio

"Nossa elite branca, que tanto se incomoda com o continuísmo de Chávez, não vê problema no fato de Uribe querer mudar a regra do jogo para disputar o terceiro mandato."


Do ex-governador paulista CLÁUDIO LEMBO (DEM), apontando diferença de parâmetros na avaliação dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, Álvaro Uribe.

Contraponto

Vice e figurante

Em 1994, Jutahy Júnior disputou o governo da Bahia tendo como principal adversário Paulo Souto, candidato do então poderoso Antônio Carlos Magalhães. A campanha do pefelista, que viria a ganhar a eleição, era bem mais rica que a do tucano, cabeça de uma chapa integrada por Sérgio Gaudenzi (vice) e Waldir Pires (Senado).
Num comício de Jutahy no interior, chegou-se ao extremo da penúria: havia mais gente em cima do palanque do que no chão assistindo aos discursos. Coube a Gaudenzi, hoje presidente da Infraero, uma sugestão de emergência:
-Olha, se vocês quiserem, eu posso ir lá pra baixo agora mesmo e fazer número na platéia!


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