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AGENDA PETISTA
Documento que ministro usará em reuniões mantém autonomia do BC e cobrança de inativos entre prioridades
Palocci reafirma pontos polêmicos ao FMI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento elaborado pelo Ministério da Fazenda, que será usado pelo ministro Antonio Palocci
Filho durante reuniões que terá
nos Estados Unidos, mantém entre as prioridades do governo
propostas que não são consenso
nem mesmo dentro do PT: autonomia do Banco Central, cobrança de contribuição previdenciária
dos inativos e a aprovação do PL-9, projeto de lei que cria um teto
para a aposentadoria dos futuros
servidores públicos.
As propostas constam do documento "Política Econômica e Reformas Estruturais", divulgado
ontem pela assessoria do ministro, horas antes da viagem a Washington, onde participa a partir
de hoje de reunião anual do Fundo Monetário Internacional. O
texto será usado nos encontros
durante o evento e em reunião em
Nova York na próxima semana.
Reafirmando compromisso feito com os governadores na Carta
de Brasília, o texto diz que, para
resolver o déficit da Previdência
no setor público, será necessário,
entre outras medidas, criar condições "para a contribuição dos inativos", alvo de grande resistência
política e que pode enfrentar
questionamentos jurídicos.
A intenção de aprovar o PL-9 é
criticada até por integrantes do
próprio PT. O projeto, enviado
pelo governo anterior e que já está
no Congresso, também autoriza
municípios, Estados e União a
criarem fundos de pensão para
complementar as aposentadorias
de futuros servidores.
O documento também traz de
volta à agenda o projeto de autonomia do BC, cuja prioridade seria buscar a estabilidade dos preços. Para os líderes governistas, o
debate do projeto voltaria somente no próximo ano.
Ao longo de 95 páginas, Palocci
assume compromissos que até
então vinham sendo deixados ao
largo do debate das reformas. No
capítulo da reforma tributária,
ataca o sistema de concessão de
benefícios fiscais, que devem levar o Estado a deixar de receber
R$ 23,96 bilhões em impostos
neste ano. O corte de incentivos é
um tabu de longa data no país.
No texto, Palocci diz que o ajuste fiscal feito pelo governo Fernando Henrique Cardoso foi pequeno diante do tamanho da dívida pública. Daí o compromisso da
"nova política" ser a radicalização
do ajuste feito na era FHC com o
objetivo de reduzir o endividamento público. A principal diferença seria a forma de fazer o
ajuste: cortar gastos em vez de aumentar a carga tributária.
Simulações fiscais
"Uma das tarefas do governo é a
execução de uma política fiscal
sólida nos próximos anos que traga consistência de médio e longo
prazos às contas públicas, e uma
melhoria da qualidade do ajuste
fiscal realizado nos últimos anos."
Podendo ser considerada uma
primeira versão do programa de
governo do PT depois da campanha eleitoral, o documento sinaliza que o arrocho fiscal deste ano,
de 4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto), poder ser um padrão a ser
seguido até mais da metade do
mandato do sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
-no mínimo até 2009, segundo
os cenários traçados pelo ministério para efeito de simulações.
O texto deixa claro que a prioridade do governo é o equilíbrio da
dívida pública. Em todos os cenários previstos, que podem não se
confirmar, o superávit fiscal permanece em 4,25% do PIB até
2009. Isso não significa, porém,
que ele não possa ser alterado.
A íntegra do documento está disponível
no site www.fazenda.gov.br
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