São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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PT NO DIVÃ

"Disputa fratricida" entre Marta, Mercadante e João Paulo preocupa cúpula

Dirceu critica racha e alerta para risco de derrota em SP

PLÍNO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A portas fechadas, para uma platéia de cerca de 200 petistas, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, usou a derrota das forças governistas na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados para fazer um alerta com vistas ao pleito de 2006.
"Divididos, perdemos", disse Dirceu, segundo o relato obtido pela Folha entre petistas que participaram ontem e anteontem, no Rio, da reunião Campo Majoritário, agrupamento de tendências que tem o comando partidário.
Dirceu e Genoino fizeram "uma espécie de mea culpa", na definição de petistas, pela derrota de Luiz Eduardo Greenhalgh na disputa contra Severino Cavalcanti. O ministro da Casa Civil citou a chamada "revolta do baixo clero" na sua análise do quadro eleitoral de 2006. Dirceu fez um apelo contra rachas no PT, em razão das disputas de candidaturas aos diversos governos estaduais.
O PT reafirmou sua expectativa de fazer um amplo arco de alianças para tentar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem. O PMDB foi definido como fundamental para dar segurança a Lula.
Quando restrições começaram a ser alinhavadas a parte do PMDB, Genoino interrompeu o debate com um argumento não refutado: "Não adianta ficar discutindo isso aqui, sem o ator principal [Lula]. E se ele disser que só sai candidato à reeleição se tiver isso ou aquilo? A gente faz o quê?"
Pouco depois, Genoino fez nova interrupção para ler um fax. Era a reprodução de reportagens da Folha, que havia acabado de chegar às bancas da capital paulista, com a pesquisa do Datafolha mostrando avaliação negativa para o prefeito José Serra (PSDB).
Genoino defendeu que as definições de candidaturas para os governos estaduais só ocorram a partir de novembro, depois do processo de eleição direta interna para o comando partidário.
A cúpula do PT se preocupa em especial com a possibilidade de uma "disputa fratricida" na escolha do candidato ao governo de São Paulo. Há três pré-candidatos: o senador Aloizio Mercadante, a ex-prefeita Marta Suplicy e o deputado federal João Paulo Cunha (SP). Se não houver acordo, a candidatura pode ser decidida por prévia interna, com impacto difícil de quantificar hoje sobre a união do partido no Estado.
No encontro, não houve um embate direto entre Dirceu e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, como vários petistas esperavam. Palocci foi o primeiro palestrante, no sábado.
Ele discorreu sobre a política econômica do governo, preocupando-se em dizer que ela segue estritamente, em sua avaliação, o programa partidário. Deu especial ênfase à política de juros altos.
Afirmou que, em 2003, o governo foi obrigado a "puxar o breque" da economia por causa da inflação. Disse que, neste princípio de ano, o Banco Central teve de puxar o freio novamente, mas em escala menor do que em 2004. Mas traçou um cenário econômico otimista até a eleição de 2006.
Em vez de trocar críticas abertas, Dirceu fez uma declaração de apoio a ele. "O BC, na prática, tem autonomia", justificou ao comentar a política monetária.


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