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PT NO DIVÃ
"Disputa fratricida" entre Marta, Mercadante e João Paulo preocupa cúpula
Dirceu critica racha e alerta para risco de derrota em SP
PLÍNO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A portas fechadas, para uma
platéia de cerca de 200 petistas, o
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, usou a derrota das forças
governistas na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados para fazer um alerta com vistas ao pleito de 2006.
"Divididos, perdemos", disse
Dirceu, segundo o relato obtido
pela Folha entre petistas que participaram ontem e anteontem, no
Rio, da reunião Campo Majoritário, agrupamento de tendências
que tem o comando partidário.
Dirceu e Genoino fizeram "uma
espécie de mea culpa", na definição de petistas, pela derrota de
Luiz Eduardo Greenhalgh na disputa contra Severino Cavalcanti.
O ministro da Casa Civil citou a
chamada "revolta do baixo clero"
na sua análise do quadro eleitoral
de 2006. Dirceu fez um apelo contra rachas no PT, em razão das
disputas de candidaturas aos diversos governos estaduais.
O PT reafirmou sua expectativa
de fazer um amplo arco de alianças para tentar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no ano que vem. O PMDB foi definido como fundamental para
dar segurança a Lula.
Quando restrições começaram
a ser alinhavadas a parte do
PMDB, Genoino interrompeu o
debate com um argumento não
refutado: "Não adianta ficar discutindo isso aqui, sem o ator principal [Lula]. E se ele disser que só
sai candidato à reeleição se tiver
isso ou aquilo? A gente faz o quê?"
Pouco depois, Genoino fez nova
interrupção para ler um fax. Era a
reprodução de reportagens da Folha, que havia acabado de chegar
às bancas da capital paulista, com
a pesquisa do Datafolha mostrando avaliação negativa para o prefeito José Serra (PSDB).
Genoino defendeu que as definições de candidaturas para os
governos estaduais só ocorram a
partir de novembro, depois do
processo de eleição direta interna
para o comando partidário.
A cúpula do PT se preocupa em
especial com a possibilidade de
uma "disputa fratricida" na escolha do candidato ao governo de
São Paulo. Há três pré-candidatos: o senador Aloizio Mercadante, a ex-prefeita Marta Suplicy e o
deputado federal João Paulo Cunha (SP). Se não houver acordo, a
candidatura pode ser decidida
por prévia interna, com impacto
difícil de quantificar hoje sobre a
união do partido no Estado.
No encontro, não houve um
embate direto entre Dirceu e o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, como vários petistas
esperavam. Palocci foi o primeiro
palestrante, no sábado.
Ele discorreu sobre a política
econômica do governo, preocupando-se em dizer que ela segue
estritamente, em sua avaliação, o
programa partidário. Deu especial ênfase à política de juros altos.
Afirmou que, em 2003, o governo foi obrigado a "puxar o breque" da economia por causa da
inflação. Disse que, neste princípio de ano, o Banco Central teve
de puxar o freio novamente, mas
em escala menor do que em 2004.
Mas traçou um cenário econômico otimista até a eleição de 2006.
Em vez de trocar críticas abertas, Dirceu fez uma declaração de
apoio a ele. "O BC, na prática, tem
autonomia", justificou ao comentar a política monetária.
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