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POLÍTICA & ARTE
Antes de partir, Lula conversa com líder da esquerda italiana e vê estátua de Michelangelo
Presidente recebe D'Alema e visita Moisés
IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Aproveitando o cancelamento
de seu último compromisso em
Roma, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez ontem mais
uma visita a uma igreja italiana
antes de embarcar para seu giro
africano. "Mas não é uma igreja,
é a igreja onde está o Moisés",
disse ao deixar a Basílica de São
Pedro Acorrentado.
O Moisés em questão é a escultura feita entre 1513 e 1516 por
Michelangelo para ser colocada
na igreja, considerada a primeira
de Roma -começou a ser construída em 438 sobre o suposto
local do julgamento de são Pedro. Lula ficou cerca de dez minutos observando a estátua, menos que as três semanas gastas
em 1913 pelo pai da psicanálise,
Sigmund Freud, no intuito de
decifrá-la, mas pareceu bem impressionado.
Lula foi ciceroneado pelo padre Bruno Giuliano, que dizia o
conhecer, já que morou 40 anos
no Brasil e fala português. O padre também mostrou a ele as supostas correntes que detiveram
o apóstolo Pedro, que estão em
um repositário de vidro. Com
Lula estavam o ex-presidente
Itamar Franco, embaixador de
partida de Roma, e o chanceler
Celso Amorim.
Anteontem, Lula havia visitado o santuário de são Francisco,
em Assis, ao norte de Roma,
mantendo o tom religioso de sua
visita. Ele veio a Roma para o enterro do papa João Paulo 2º sob a
acusação de não ser um bom católico, segundo o cardeal-arcebispo do Rio, dom Eusébio
Scheidt. O respondeu dizendo
que busca ser um bom ser humano, e teve apoio de outro cardeal mais badalado, o "papabile"
Cláudio Hummes, de São Paulo.
O compromisso cancelado
que permitiu a ida à igreja ontem foi um encontro com o prefeito de Roma, Walter Ventroli,
que estava com problemas de
agenda. Antes da visita à basílica, Lula recebeu Massimo D'Alema, líder de esquerda italiano
que já foi primeiro-ministro do
país. Eles falaram, segundo D'Alema, sobre as negociações para
um acordo comercial entre o
Mercosul e a União Européia
-em maio, D'Alema chefiará
uma delegação de parlamentares europeus ao Brasil para debater integração.
Lula deixou o palácio Dora
Pamphili, sede da Embaixada do
Brasil, ao meio-dia (7h em Brasília), com destino à base aérea de
Ciampino. Levando Amorim e
parte de sua comitiva, viajou no
Airbus presidencial para Camarões. Os presidentes do Senado,
da Câmara e do Supremo Tribunal Federal voltaram no Boeing
737 da Presidência, o Sucatinha.
Antes de ir embora, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, falou: "Se ele é sem pecado eu não sei, mas eu sou". Lula havia se declarado livre de pecados ao ter comungado sem
confissão prévia na missa do funeral do papa João Paulo 2º.
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