São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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POLÍTICA & ARTE

Antes de partir, Lula conversa com líder da esquerda italiana e vê estátua de Michelangelo

Presidente recebe D'Alema e visita Moisés

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Aproveitando o cancelamento de seu último compromisso em Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem mais uma visita a uma igreja italiana antes de embarcar para seu giro africano. "Mas não é uma igreja, é a igreja onde está o Moisés", disse ao deixar a Basílica de São Pedro Acorrentado.
O Moisés em questão é a escultura feita entre 1513 e 1516 por Michelangelo para ser colocada na igreja, considerada a primeira de Roma -começou a ser construída em 438 sobre o suposto local do julgamento de são Pedro. Lula ficou cerca de dez minutos observando a estátua, menos que as três semanas gastas em 1913 pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, no intuito de decifrá-la, mas pareceu bem impressionado.
Lula foi ciceroneado pelo padre Bruno Giuliano, que dizia o conhecer, já que morou 40 anos no Brasil e fala português. O padre também mostrou a ele as supostas correntes que detiveram o apóstolo Pedro, que estão em um repositário de vidro. Com Lula estavam o ex-presidente Itamar Franco, embaixador de partida de Roma, e o chanceler Celso Amorim.
Anteontem, Lula havia visitado o santuário de são Francisco, em Assis, ao norte de Roma, mantendo o tom religioso de sua visita. Ele veio a Roma para o enterro do papa João Paulo 2º sob a acusação de não ser um bom católico, segundo o cardeal-arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheidt. O respondeu dizendo que busca ser um bom ser humano, e teve apoio de outro cardeal mais badalado, o "papabile" Cláudio Hummes, de São Paulo.
O compromisso cancelado que permitiu a ida à igreja ontem foi um encontro com o prefeito de Roma, Walter Ventroli, que estava com problemas de agenda. Antes da visita à basílica, Lula recebeu Massimo D'Alema, líder de esquerda italiano que já foi primeiro-ministro do país. Eles falaram, segundo D'Alema, sobre as negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia -em maio, D'Alema chefiará uma delegação de parlamentares europeus ao Brasil para debater integração.
Lula deixou o palácio Dora Pamphili, sede da Embaixada do Brasil, ao meio-dia (7h em Brasília), com destino à base aérea de Ciampino. Levando Amorim e parte de sua comitiva, viajou no Airbus presidencial para Camarões. Os presidentes do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal voltaram no Boeing 737 da Presidência, o Sucatinha.
Antes de ir embora, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, falou: "Se ele é sem pecado eu não sei, mas eu sou". Lula havia se declarado livre de pecados ao ter comungado sem confissão prévia na missa do funeral do papa João Paulo 2º.


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