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GOVERNO
Na ausência de Lula, vice diz ser preciso achar outra forma de conter
inflação
Interino, Alencar critica de
novo política de juros altos
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM MONTES CLAROS (MG)
O presidente interino da República, José Alencar, voltou a atacar
ontem a política de juros altos,
dessa vez em viagem a Montes a
Claros (418 km de Belo Horizonte), onde participou do casamento da filha de um dos seus sócios
na Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas).
Alencar disse que o governo não
pode descuidar do controle à inflação, mas, na sua opinião, a política monetária tem de ir além da
manutenção do juro alto. A taxa
Selic está hoje em 19,25% ao ano,
numa trajetória de alta que vem
de sete meses consecutivos.
O interino afirmou que o Banco
Central precisa buscar outros caminhos como o aproveitamento
do potencial de crescimento da
economia brasileira bem como a
geração máxima de emprego. Na
opinião dele, uma alternativa passa pelo melhor aproveitamento
dos "recursos naturais e humanos" do país.
"O Brasil precisa perder o medo
de ser feliz. Precisa crescer, crescer e enriquecer-se", afirmou.
Como contraponto ao esforço
para manter a inflação sob controle, Alencar citou os reajustes
das tarifas administradas pelo poder público. "Nas privatizações
que foram feitas no governo passado, tem uma cláusula que fixa
os aumentos em índices como
IGP-M [Índice Geral de Preços
Mercado], que faz com que estas
tarifas de energia elétrica, de telefonia subam de forma completamente absurda", afirmou.
Ele também citou o preço globalizado do petróleo, que não reage ao aumento dos juros. "Não há
taxas de juros capaz de combater
estes dois tipos de aumentos: o
previsto nos contratos das privatizações e o do petróleo, que se trata
de uma decisão internacional."
Sobre o freio no consumo imposto pelos juros altos, o presidente interino repisou o que identifica como "país do subconsumo", expressão cunhada na sexta-feira durante viagem ao Paraná,
quando também disse que "um
bar agradável" é o melhor lugar
para discutir política. "Você não
pode cortar o consumo de quem
não consome."
Indagado sobre a possibilidade
de uma candidatura à reeleição de
Lula, o interino apoiou a idéia e
afirmou que um mandato de quatro anos para presidente "é muito
pouco". "O cidadão não tem condições de realizar o trabalho que
gostaria de fazer. Tem um período de arrumação da casa. O Brasil
é muito grande e não há nenhum
governo que possa realizar um
trabalho completo em apenas um
período", disse.
Questionado se comporia novamente a chapa como vice, o Alencar disse que "primeiro é preciso
ter um convite".
Alencar defendeu também o
projeto de transposição do rio São
Francisco e disse que as críticas
são feitas por desconhecimento.
"Não há prejuízo nenhum [ao
rio], o que há é um desconhecimento. O projeto tem que ser feito
da forma como foi proposto e
aprovado, sem restrições, sem a
mudança de uma vírgula."
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