São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO

Na ausência de Lula, vice diz ser preciso achar outra forma de conter inflação

Interino, Alencar critica de novo política de juros altos

COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM MONTES CLAROS (MG)

O presidente interino da República, José Alencar, voltou a atacar ontem a política de juros altos, dessa vez em viagem a Montes a Claros (418 km de Belo Horizonte), onde participou do casamento da filha de um dos seus sócios na Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas).
Alencar disse que o governo não pode descuidar do controle à inflação, mas, na sua opinião, a política monetária tem de ir além da manutenção do juro alto. A taxa Selic está hoje em 19,25% ao ano, numa trajetória de alta que vem de sete meses consecutivos.
O interino afirmou que o Banco Central precisa buscar outros caminhos como o aproveitamento do potencial de crescimento da economia brasileira bem como a geração máxima de emprego. Na opinião dele, uma alternativa passa pelo melhor aproveitamento dos "recursos naturais e humanos" do país.
"O Brasil precisa perder o medo de ser feliz. Precisa crescer, crescer e enriquecer-se", afirmou.
Como contraponto ao esforço para manter a inflação sob controle, Alencar citou os reajustes das tarifas administradas pelo poder público. "Nas privatizações que foram feitas no governo passado, tem uma cláusula que fixa os aumentos em índices como IGP-M [Índice Geral de Preços Mercado], que faz com que estas tarifas de energia elétrica, de telefonia subam de forma completamente absurda", afirmou.
Ele também citou o preço globalizado do petróleo, que não reage ao aumento dos juros. "Não há taxas de juros capaz de combater estes dois tipos de aumentos: o previsto nos contratos das privatizações e o do petróleo, que se trata de uma decisão internacional."
Sobre o freio no consumo imposto pelos juros altos, o presidente interino repisou o que identifica como "país do subconsumo", expressão cunhada na sexta-feira durante viagem ao Paraná, quando também disse que "um bar agradável" é o melhor lugar para discutir política. "Você não pode cortar o consumo de quem não consome."
Indagado sobre a possibilidade de uma candidatura à reeleição de Lula, o interino apoiou a idéia e afirmou que um mandato de quatro anos para presidente "é muito pouco". "O cidadão não tem condições de realizar o trabalho que gostaria de fazer. Tem um período de arrumação da casa. O Brasil é muito grande e não há nenhum governo que possa realizar um trabalho completo em apenas um período", disse.
Questionado se comporia novamente a chapa como vice, o Alencar disse que "primeiro é preciso ter um convite".
Alencar defendeu também o projeto de transposição do rio São Francisco e disse que as críticas são feitas por desconhecimento. "Não há prejuízo nenhum [ao rio], o que há é um desconhecimento. O projeto tem que ser feito da forma como foi proposto e aprovado, sem restrições, sem a mudança de uma vírgula."


Texto Anterior: Toda mídia - Nelson Pereira de Sá: O monstro
Próximo Texto: Campo minado: MST faz mais duas invasões em Pernambuco
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.