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Não há ambiente político para pedir
impeachment de Lula, avalia oposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e o ex-prefeito
José Serra, pré-candidato ao governo paulista, disseram ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), que os tucanos não
têm interesse em patrocinar um
processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Aldo conversou separadamente
com eles, na semana passada.
Apesar do recrudescimento da
crise política com a demissão do
ministro Antonio Palocci (Fazenda) e com a pressão sobre Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), os líderes da oposição no Congresso
mantêm o discurso dos tucanos e
negam que pretendam entrar
com pedido de impeachment.
Eles alegam que, apesar de considerarem que há elementos que
comprovariam crime de responsabilidade de Lula, não há ambiente político para o impeachment. A posição do PSDB é acompanhada pelo PFL, seu parceiro
preferencial nas eleições.
"Há impeachment quando há
uma comoção popular que faça o
cidadão pressionar o seu parlamentar para votar pelo impeachment. Isso não se configurou",
afirmou o senador José Agripino
(RN), líder do PFL no Senado.
A senadora Heloísa Helena
(AL), pré-candidata do PSOL à
Presidência, afirmou ontem que
existem "motivos legais" para
abrir processo por crime de responsabilidade contra Lula, mas
concorda que faltam "condições
políticas" para tal. ""Motivos legais
existem, mas isso não deve ser feito às vésperas de uma eleição. O
povo vai decidir no voto."
Oposicionistas argumentam
que um pedido de impeachment
pode ter efeito contrário ao pretendido, já que Lula conta com
boas taxas de aprovação popular.
Na última pesquisa Datafolha, o
presidente tinha 40% das intenções de voto no cenário com Anthony Garotinho (PMDB).
Mesmo com ambiente político
favorável, um processo de impeachment passa por tramitação
complicada. Ao ser proposto, por
qualquer cidadão ou entidade, o
pedido vai ao crivo do presidente
da Câmara, que decide se ele segue adiante ou vai ao arquivo.
Aldo tem sido um fiel aliado de
Lula desde que assumiu o comando da Câmara: em sua gestão,
quatro pedidos de impeachment
contra o presidente foram arquivados. Dois estão em análise.
No dia 8 de maio, o Conselho
Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) decidirá se
apresenta ou não à Câmara um
pedido de impeachment de Lula.
O presidente do PT, deputado
Ricardo Berzoini (PT-SP), atacou
aqueles que defendem o impeachment: "Medo das urnas. Esse é o principal motivo [de um pedido de impeachment]. Cada vez
que sai uma pesquisa eleitoral, a
oposição treme em razão das urnas que enfrentará em outubro e
principalmente pelo fato de que,
até agora, ainda não apresentou
qual é seu programa para o país".
(ELIANE CANTANHÊDE, RANIER BRAGON E ADRIANO CEOLIN)
Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
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