|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Infraero adia decisão de afastar dirigentes
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após tentar defender um dos
contratos que ameaçam transformar a Infraero em alvo da
CPI do Apagão Aéreo, o presidente da estatal, José Carlos
Pereira, adiou para hoje a assinatura do ato que formalizará o
afastamento de quatro dirigentes da empresa de seus cargos.
O brigadeiro Pereira só considerou irreversível a decisão
tomada na véspera pelo conselho de administração da Infraero, do qual participa, depois que
os funcionários foram oficialmente notificados da abertura
de sindicância da CGU (Controladoria Geral da União).
Representantes da CGU se
reuniram ontem com os quatro
acusados: o diretor comercial,
José Welington Moura, o superintendente de Planejamento e
Gestão, Fernando Brendaglia
de Almeida, o advogado Napoleão Lopes Guimarães Neto e
Márcia Gonçalves Chaves, assessora da presidência.
Eles são investigados pela renovação supostamente irregular, em 2005, de contrato para
explorar um posto de gasolina
no aeroporto de Brasília. Durante o dia, Pereira tentou reverter a decisão da véspera ou
ampliar a lista de afastados e incluir o nome da procuradora-geral da Infraero. O assunto foi
tratado em reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires.
O vice-presidente José Alencar disse ontem que o afastamento não é suficiente: "Se há
dúvida em relação ao procedimento de um funcionário, a punição não é suficiente com seu
afastamento. É preciso que haja um inquérito rigoroso".
Em nota, a estatal divulgou
documento da procuradora-geral da Infraero, Josefina Pinha,
avalizando o acordo com a
Shell. "Reafirmo o entendimento de que o acordo firmado
pela Infraero atendeu ao interesse público e obedeceu aos
preceitos legais", disse Pinha. A
Shell também usou o documento para defender o negócio.
Pinha é alvo de outra investigação sobre supostas irregularidades em licitação no aeroporto de Congonhas. Com a diretora comercial Eleuza Therezinha Lopes, e o ex-presidente
Carlos Wilson, ela teve os sigilos quebrados e os bens tornados indisponíveis.
O entendimento divulgado
pela Infraero se contrapõe às
auditorias da própria estatal e
da CGU, que concluíram que o
contrato não poderia ter sido
renovado sem nova licitação. O
negócio ocorreu na gestão do
ex-presidente da Infraero, deputado Carlos Wilson (PT-PE).
Por serem funcionários de
carreira, José Welington Moura e Márcia Chaves manterão
os salários intactos (R$ 18.662 e
R$ 10.387, respectivamente) ao
menos até o final das investigações. A situação dos outros dois
funcionários será definida hoje.
Texto Anterior: Jobim recusa convite para assumir Defesa Próximo Texto: Fora do cargo, ex-diretor mantém regalias Índice
|