São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

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Ministro é alvo de nova denúncia em CPI

Enquanto prestava depoimento sobre cartões corporativos, Gregolin (Pesca) foi surpreendido por revelação de uso da máquina

Deputado do DEM mostra discurso de ministro em que pede votos a Lula; petista diz que caso já foi arquivado por Justiça Eleitoral do Pará


ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Altemir Gregolin (Pesca) fez campanha para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a entrega de carteiras de trabalho para uma comunidade de pescadores no Pará em 6 de outubro de 2006, segundo denúncia apresentada ontem na CPI dos Cartões Corporativos.
Ao prestar depoimento ontem na CPI, Gregolin foi surpreendido com a informação de que foi filmado usando a máquina pública para pedir votos a Lula no segundo turno.
A viagem foi toda custeada pelo ministério para a distribuição de carteiras de trabalho a pescadores.
A denúncia foi apresentada pelo deputado Vic Pires (DEM-PA), que leu transcrições do discurso do ministro, o que provocou reação da base aliada. Segundo ele, as imagens do discurso e do encontro de Gregolin com militantes foram gravadas e entregues à CPI.
"Nós estamos em campanha, eu tive ontem três agendas, em Abaetetuba, em Mojú, em Limoeiro...nós conversamos seguramente, diretamente com mais de duas mil pessoas. Estamos entregando as carteirinhas dos pescadores e fazendo o trabalho, fazendo campanha...", disse o ministro no evento com militantes, segundo a transcrição. No site do ministério, as agendas a que o ministro se refere constam como de trabalho.
"Nós temos que ir para a porrada com esses caras. Eu trouxe aqui, inclusive dá para tirar cópia, um livro que traz o mapa da corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso", completou o ministro também segundo a transcrição.
No evento, em Limoeiro do Ajurú, o ministro disse se dirigindo aos pescadores: "Eu estou achando que vocês são peitudos, são gente decidida. Vocês deram para o presidente Lula 6.495 votos, 54% dos votos daqui, vocês deram para o presidente. Eu quero agradecer em nome do presidente...E ainda vai aumentar mais a votação no segundo turno, não é verdade?." Surpreendido, o ministro disse: "Não tenho lembrança dessa fala, mas se o senhor está lendo eu acredito." Antes de ser acusado de fazer campanha em evento oficial, o ministro disse que suas despesas foram pagas pelo ministério. "Usei o cartão, com certeza, no hotel, mas o meu cartão não funcionou e pedi ressarcimento".
"Isso é um dossiê", acusou a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC). "Se esse governo for sério ele tem que ser demitido", cobrou Vic Pires. "Por que?", perguntou Perpétua, em coro com outros governistas. "Vocês são surdos?", questionou o democrata. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que irá ingressar com ação de improbidade administrativa contra Gregolin.
O ministro admitiu que participou do evento de campanha, mas fora do horário de trabalho. Sobre suas falas no evento oficial, ele disse que isso foi alvo de um processo arquivado pela Justiça eleitoral do Pará.
A CPI ouviu também o chefe do Gabinete de Segurança Institucional da presidência no governo FHC, Alberto Cardoso e o presidente do Banco do Brasil Cartões, Alexandre Abreu.


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