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Candidatos priorizam eleitorado feminino
PT e PSDB criam núcleos de campanha para selecionar temas de interesse das mulheres, que somam hoje 52% dos eleitores
Dilma destaca empenho do governo Lula no combate à violência doméstica; Serra deve enfatizar iniciativas nas áreas da saúde e do trabalho
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob um calor lancinante, a
ministra Dilma Rousseff (PT)
abraça uma soldadora e recebe,
ao inaugurar uma termelétrica,
um presente feito por mulheres trabalhadoras da Petrobras.
A seguir, Lula discursa: "Para as
mulheres não basta apenas ser
a maioria numérica deste país.
As mulheres querem ocupar
mais espaço, participar da política. Já não querem mais ser
tratadas como objeto de segundo grau (...), de cama e mesa".
Num estúdio de TV, entrevistada num programa voltado
a mulheres das classes C e D, a
senadora Marina Silva (PV-AC)
conta detalhes de como venceu
os preconceitos de gênero na
família para deixar o seringal e
entrar na universidade.
José Serra (PSDB), governador de São Paulo, discursa na
inauguração da reforma de um
hospital estadual na periferia
da capital e recorda suas ações
como ministro da saúde, como
a criação do programa Mãe
Canguru, que ajudaram a humanizar os partos no SUS.
Ao refletir sobre equívocos
de campanhas passadas, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE)
admitiu que piadas machistas
lhe tiraram do páreo em 2002
quando, de "saco cheio das perguntas sobre a Patrícia Pillar",
disse que o papel dela na campanha era dormir com ele. "Aí
pronto: eu virei um machista."
São diários os exemplos de
gestos e discursos dos pré-candidatos à Presidência para tentar atrair o voto feminino, que
representa hoje, segundo o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral),
quase 52% do eleitorado (68,5
milhões dos eleitores brasileiros). Há dez anos, as mulheres
representavam 50,5% do eleitorado e 55,5 milhões de votos.
A entrada de duas candidatas
ao Planalto, Dilma e Marina,
sendo a petista ancorada numa
popularidade de 73% do presidente Lula e segunda colocada
nas pesquisas de intenção de
votos, aumenta a preocupação
dos políticos com a questão do
gênero no pleito de 2010.
Estratégias
PT e PSDB devem montar
núcleos nas campanhas direcionados ao voto feminino.
Segundo o ex-prefeito Fernando Pimentel (PT), um dos
coordenadores nacionais da
pré-campanha de Dilma, caberá à ministra escolher o nome
de colaboradoras e colaboradores para tratar diretamente da
questão do gênero na campanha e no programa de governo.
Dilma tem insistido em enumerar ações e políticas públicas
de destaque do governo Lula,
como o empenho na aprovação
da Lei Maria da Penha, para
coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher.
Segundo levantamentos feitos pela Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, 24
Estados aderiram ao Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, e
houve aumento de 179% da rede de proteção às mulheres vítimas de violência no país
(abrigos, defensoria pública,
delegacias, juizados especiais).
A pré-candidata deve receber
ideias para o programa de governo em maio, quando será
realizada a Plenária Nacional
de Mulheres do PT. "Vamos
criar uma agenda da Dilma com
mulheres pelo país", afirmou
Layse Morière, secretária nacional de Mulheres do PT.
Já o PSDB, além de invocar a
imagem positiva de Serra como
ministro da Saúde para cativar
votos entre mulheres de baixa
renda, vai defender ações que
visem a reduzir as diferenças
salariais entre homens e mulheres e distorções de gênero
no meio profissional.
"Fico feliz da vida de termos
duas mulheres candidatas, mas
não é por ser mulher que tem
de votar. O voto não pode ser
uma questão de gênero. A gente
vota pela competência do candidato", afirmou a senadora
Marisa Serrano (PSDB-MS), vice-presidente nacional da sigla.
Segundo ela, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso
criou a Secretaria Especial das
Mulheres, e administrações tucanas mostraram a importância de deixar sob o controle feminino os cartões magnéticos
para saques dos programas de
transferência de renda, como
faz hoje o Bolsa Família.
"O que o Lula fez também foi
ótimo, mas essas questões são
do passado. Temos que olhar
para o futuro. A mulher precisa
de visibilidade em várias outras
esferas, sobretudo no trabalho
e na educação", disse Serrano.
Mercado de trabalho
A deputada Solange Amaral
(RJ), presidente do DEM Mulher, afirma que a remuneração
profissional e a ocupação de posições de destaque pelas mulheres têm de ser abordadas na
campanha. "A mulher tem 30%
a mais de horas em educação e
27% a menos de salários", disse.
Para ela, os avanços no combate à violência doméstica obtidos no governo Lula são relevantes, mas "agora é a hora de
discutirmos a entrada da mulher no mundo do trabalho".
Filiadas do DEM, PPS e
PSDB entregarão a Serra, em
abril, resultados da consulta intitulada "Mulher, do que você
não abre mão?", feita sob coordenação dos partidos. As respostas vão balizar o programa e
o discurso do candidato.
No PV, a senadora Marina
Silva dedica atenção especial à
agenda com mulheres, sobretudo de baixa renda. Na próxima
semana, por exemplo, participará de um evento com mulheres trabalhadoras rurais.
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