São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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ANÁLISE

Candidatura deve atrair apoio do PFL

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao entrar na sucessão paulistana, após driblar por meses seus próprios aliados com negativas, Serra desarruma o quadro eleitoral e deve provocar uma nova onda de negociações por mais tempo no horário eleitoral na TV.
Sua admissão significará também uma certa federalização da disputa, considerando que o tucano pretende continuar a fustigar Lula a fim de se manter como contraponto ao presidente da República no imaginário social.
De imediato, sua posição deverá ocasionar o abandono, ainda na fase uterina, da candidatura do deputado federal José Aristodemo Pinotti pelo PFL.
O partido do senador Jorge Bornhausen deve apoiar o tucano em troca de uma composição entre as duas legendas no Rio em torno do prefeito pefelista Cesar Maia.
A ligação dobrará o tempo de TV do tucanato em SP, que ultrapassará o que estaria disponível hoje para Marta Suplicy na TV (veja quadro acima).
Se não quiser ficar para trás no vídeo, a prefeita terá de investir novamente sobre o PMDB, partido que lançou Michel Temer unicamente porque a prefeita -pensando na sucessão estadual de 2006- recusa-se a entregar a vice de sua chapa a um aliado do ex-governador Orestes Quércia (SP).
Marta acredita que Lula, se quiser, pode dobrar o PMDB, entregando-lhe mais postos na máquina federal. O partido, porém, deve insistir na vice. Ainda há um outro agravante há ser considerado: Temer é "serrista" de longa data. Para os petistas, se ele continuar na disputa municipal, há o risco de acabar atuando como linha-auxiliar do tucano contra Marta.
A ex-prefeita Luiza Erundina também deverá sofrer uma grande pressão para desistir. O governo Lula, que emprega um ministro do PSB nacional em sua Esplanada, vai tentar forçar a retirada da candidatura da ex-petista. Ainda mais depois que Erundina anunciou que, fora de um eventual segundo turno, prefere apoiar o PSDB ao PT de Marta.
A médio prazo, a candidatura Serra deverá provocar um outro efeito, com repercussão mais interna: a submersão de Geraldo Alckmin da corrida eleitoral.
Alckmin, que ensaiava colocar seu peso político no palanque para tentar eleger um secretário desconhecido do eleitorado, está mais aliviado e deverá ficar em seu canto, nos Bandeirantes. No máximo, deve aparecer em um ou outro programa, sem grandes consequências. Não será o alvo dos ataques dos adversários e, no caso de uma eventual derrota de Serra, não arcará com o seu ônus, preservando-se para 2006.


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