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AGENDA NEGATIVA
Texto, que só poderá entrar em vigor após aprovação no Congresso, substituirá MP derrubada pelo Senado
Governo enviará projeto para proibir bingos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cinco dias após o Senado derrubar, em decisão inédita no governo Luiz Inácio Lula da Silva, a
medida provisória que proibiu a
exploração de bingos e máquinas
caça-níqueis em todo o país, o Palácio do Planalto anunciou ontem
que enviará ao Congresso um
projeto de lei nos mesmos termos,
em regime de urgência.
"O estudo pedido pelo presidente Lula concluiu que o melhor
meio de prosseguir no esforço para impedir o funcionamento das
casas de bingo e das máquinas de
caça-níqueis no Brasil é o encaminhamento ao Congresso Nacional
de um projeto de lei nos mesmos
termos da medida provisória que
foi derrubada na semana passada", afirmou o porta-voz da Presidência, André Singer.
A diferença entre projeto de lei e
medida provisória é que a MP entra em vigor assim que é publicada. O projeto de lei precisa tramitar e ser aprovado pela Câmara e
pelo Senado. Como o projeto será
enviado com pedido de urgência,
terá que tramitar no mesmo prazo de uma MP -45 dias em cada
Casa. Depois desse período, passa
a trancar a pauta (nada pode ser
votado antes dele). O governo não
informou quando o projeto será
enviado, mas isso deve acontecer
ainda nesta semana.
De acordo com Singer, o presidente orientou o governo a intensificar suas ações no sentido de
caçar as liminares que permitem
o funcionamento dos bingos e intensificar a fiscalização, por parte
da Polícia Federal, para que essa
proibição seja cumprida.
Sem pressa
Horas antes, o ministro da Casa
Civil, José Dirceu, disse que a
questão dos bingos seria resolvida
sem pressa. "Essa questão nós vamos resolver sem pressa. Até porque há legislação que permite o
fechamento dos bingos, há lei para isso. Tanto que o governo do
Paraná não permitiu a reabertura
das casas. Além disso, a Justiça está para julgar, no Supremo Tribunal Federal, várias ações", afirmou ele, depois de reunião com o
ministro Tarso Genro e secretários do Ministério da Educação.
Com o arquivamento da MP pelo Senado, voltaram a ter validade
leis de vários Estados que autorizam a atividade. Amanhã, o STF
deverá decidir se são válidas ou
não essas leis estaduais.
A tendência é que sejam declaradas inconstitucionais e, por isso, deixem de vigorar. Os 11 ministros irão julgar primeiramente
uma ação direta de inconstitucionalidade contra quatro leis do
Distrito Federal. Depois estenderão a decisão às ações propostas
pela Procuradoria Geral da República contra leis de 13 Estados.
Decisão
O plenário do STF vai decidir
sobre a aplicação do artigo 22 da
Constituição, que inclui os "sistemas de consórcios e sorteios" entre os temas sobre os quais somente a União pode legislar.
Ministros do STF ouvidos pela
Folha disseram que não poderia
ser editada outra MP sobre o mesmo assunto, como foi cogitado.
Já a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil havia elaborado um estudo em que aponta
"100% de legalidade" na edição
imediata pelo governo de um novo texto. O estudo aponta que, como a medida foi arquivada, e não
rejeitada pelo Senado, haveria
brecha para a edição de uma nova. O estudo também sugeria a
possibilidade de um projeto de lei.
A medida provisória arquivada
pelo Senado na semana passada,
por 33 votos a 31, havia sido editada pelo governo no dia 20 de fevereiro deste ano como uma reação
ao caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Presidência filmado em
2002 pedindo propina a um empresário dos jogos. À época, Waldomiro presidia a Loterj (Loteria
do Estado do Rio de Janeiro).
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