São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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AGENDA NEGATIVA

Texto, que só poderá entrar em vigor após aprovação no Congresso, substituirá MP derrubada pelo Senado

Governo enviará projeto para proibir bingos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Cinco dias após o Senado derrubar, em decisão inédita no governo Luiz Inácio Lula da Silva, a medida provisória que proibiu a exploração de bingos e máquinas caça-níqueis em todo o país, o Palácio do Planalto anunciou ontem que enviará ao Congresso um projeto de lei nos mesmos termos, em regime de urgência.
"O estudo pedido pelo presidente Lula concluiu que o melhor meio de prosseguir no esforço para impedir o funcionamento das casas de bingo e das máquinas de caça-níqueis no Brasil é o encaminhamento ao Congresso Nacional de um projeto de lei nos mesmos termos da medida provisória que foi derrubada na semana passada", afirmou o porta-voz da Presidência, André Singer.
A diferença entre projeto de lei e medida provisória é que a MP entra em vigor assim que é publicada. O projeto de lei precisa tramitar e ser aprovado pela Câmara e pelo Senado. Como o projeto será enviado com pedido de urgência, terá que tramitar no mesmo prazo de uma MP -45 dias em cada Casa. Depois desse período, passa a trancar a pauta (nada pode ser votado antes dele). O governo não informou quando o projeto será enviado, mas isso deve acontecer ainda nesta semana.
De acordo com Singer, o presidente orientou o governo a intensificar suas ações no sentido de caçar as liminares que permitem o funcionamento dos bingos e intensificar a fiscalização, por parte da Polícia Federal, para que essa proibição seja cumprida.

Sem pressa
Horas antes, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que a questão dos bingos seria resolvida sem pressa. "Essa questão nós vamos resolver sem pressa. Até porque há legislação que permite o fechamento dos bingos, há lei para isso. Tanto que o governo do Paraná não permitiu a reabertura das casas. Além disso, a Justiça está para julgar, no Supremo Tribunal Federal, várias ações", afirmou ele, depois de reunião com o ministro Tarso Genro e secretários do Ministério da Educação.
Com o arquivamento da MP pelo Senado, voltaram a ter validade leis de vários Estados que autorizam a atividade. Amanhã, o STF deverá decidir se são válidas ou não essas leis estaduais.
A tendência é que sejam declaradas inconstitucionais e, por isso, deixem de vigorar. Os 11 ministros irão julgar primeiramente uma ação direta de inconstitucionalidade contra quatro leis do Distrito Federal. Depois estenderão a decisão às ações propostas pela Procuradoria Geral da República contra leis de 13 Estados.

Decisão
O plenário do STF vai decidir sobre a aplicação do artigo 22 da Constituição, que inclui os "sistemas de consórcios e sorteios" entre os temas sobre os quais somente a União pode legislar.
Ministros do STF ouvidos pela Folha disseram que não poderia ser editada outra MP sobre o mesmo assunto, como foi cogitado.
Já a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil havia elaborado um estudo em que aponta "100% de legalidade" na edição imediata pelo governo de um novo texto. O estudo aponta que, como a medida foi arquivada, e não rejeitada pelo Senado, haveria brecha para a edição de uma nova. O estudo também sugeria a possibilidade de um projeto de lei.
A medida provisória arquivada pelo Senado na semana passada, por 33 votos a 31, havia sido editada pelo governo no dia 20 de fevereiro deste ano como uma reação ao caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Presidência filmado em 2002 pedindo propina a um empresário dos jogos. À época, Waldomiro presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro).


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