São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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AGENDA NEGATIVA

Planalto veicula propaganda para tentar esvaziar paralisação; adesão ao movimento é menor que a esperada

Governo gasta R$ 350 mil contra a greve

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo lançou mão de comerciais em jornais e emissoras de rádio e TV para tentar esvaziar a greve nacional do funcionalismo convocada para ontem. Dirigida aos servidores, a campanha custará R$ 350 mil, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica).
A tentativa de greve programada por 11 entidades não teve êxito no primeiro dia. Anunciava-se que 700 mil servidores cruzariam os braços ontem, mas a Condsef (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal) informou que a paralisação atingiu 40 mil servidores. Outros 40 mil já estavam parados. No total, há 1,1 milhão de servidores federais no Executivo, e os reajustes anunciados atendem 905.848.
Para a entidade, a greve não fracassou. O secretário-executivo do Condsef, Gilberto Jorge Cordeiro Gomes, disse os números da paralisação vão aumentar até sexta. Já para o governo, a "adesão foi muito baixa, o que mostra que a proposta do governo está sendo bem aceita pelos servidores", informou a assessoria do ministro Guido Mantega (Planejamento).
Os comerciais da campanha do governo foram produzidos pela empresa Matisse. Defendem a proposta de reajuste salarial do governo (entre 9,5% e 32,27%). "Fica acima da inflação e dá um grande passo para repor as perdas", diz o texto divulgado em TVs de Brasília e do Rio. No rádio, o "comunicado" vai ao ar até amanhã nessas duas cidades, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Os servidores pedem, principalmente, reajuste salarial emergencial de 50,19%, incorporação das gratificações, criação de uma data-base de reajuste e reestruturação do plano de carreira. A greve surtiu mais efeito no Incra, que já estava parado. Segundo os servidores, atingiu 29 superintendências. A direção do órgão confirma a paralisação em 25 unidades.
O IBGE enfrentou greve em 15 dos 33 núcleos do órgão. Os docentes de universidades federais começaram paralisação de 48 horas. Informações desencontradas apontavam que uma pequena parcela da Funasa e dos administradores da AGU (Advocacia Geral da União) também iniciaram paralisação. Já estavam parados procuradores e advogados da AGU, servidores do INSS e das DRTs (Delegacias Regionais de Trabalho) e auditores da Receita.
A Polícia Federal suspendeu por três dias a paralisação para tentar voltar a negociar com o governo.
Em Brasília, houve protesto em frente ao Ministério do Planejamento. Em São Paulo, os servidores fizeram, em frente à sede do Banco Central, uma encenação em que o presidente Lula e os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Ricardo Berzoini (Trabalho) são noivas que se casam com um ator representando o FMI.
O ministro José Dirceu (Casa Civil) disse ontem que a proposta do governo para o reajuste dos servidores é a "razoável" para a situação do país: "Não é aceitável que aconteça agora essa greve pelo comportamento que o governo vem adotando ao negociar".


Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal do Rio


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