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AGENDA NEGATIVA
Planalto veicula propaganda para tentar esvaziar paralisação; adesão ao movimento é menor que a esperada
Governo gasta R$ 350 mil contra a greve
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo lançou mão de comerciais em jornais e emissoras
de rádio e TV para tentar esvaziar
a greve nacional do funcionalismo convocada para ontem. Dirigida aos servidores, a campanha
custará R$ 350 mil, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação
de Governo e Gestão Estratégica).
A tentativa de greve programada por 11 entidades não teve êxito
no primeiro dia. Anunciava-se
que 700 mil servidores cruzariam
os braços ontem, mas a Condsef
(Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal) informou que a paralisação
atingiu 40 mil servidores. Outros
40 mil já estavam parados. No total, há 1,1 milhão de servidores federais no Executivo, e os reajustes
anunciados atendem 905.848.
Para a entidade, a greve não fracassou. O secretário-executivo do
Condsef, Gilberto Jorge Cordeiro
Gomes, disse os números da paralisação vão aumentar até sexta.
Já para o governo, a "adesão foi
muito baixa, o que mostra que a
proposta do governo está sendo
bem aceita pelos servidores", informou a assessoria do ministro
Guido Mantega (Planejamento).
Os comerciais da campanha do
governo foram produzidos pela
empresa Matisse. Defendem a
proposta de reajuste salarial do
governo (entre 9,5% e 32,27%).
"Fica acima da inflação e dá um
grande passo para repor as perdas", diz o texto divulgado em
TVs de Brasília e do Rio. No rádio,
o "comunicado" vai ao ar até
amanhã nessas duas cidades, em
São Paulo e em Belo Horizonte.
Os servidores pedem, principalmente, reajuste salarial emergencial de 50,19%, incorporação das
gratificações, criação de uma data-base de reajuste e reestruturação do plano de carreira. A greve
surtiu mais efeito no Incra, que já
estava parado. Segundo os servidores, atingiu 29 superintendências. A direção do órgão confirma
a paralisação em 25 unidades.
O IBGE enfrentou greve em 15
dos 33 núcleos do órgão. Os docentes de universidades federais
começaram paralisação de 48 horas. Informações desencontradas
apontavam que uma pequena
parcela da Funasa e dos administradores da AGU (Advocacia Geral da União) também iniciaram
paralisação. Já estavam parados
procuradores e advogados da
AGU, servidores do INSS e das
DRTs (Delegacias Regionais de
Trabalho) e auditores da Receita.
A Polícia Federal suspendeu por
três dias a paralisação para tentar
voltar a negociar com o governo.
Em Brasília, houve protesto em
frente ao Ministério do Planejamento. Em São Paulo, os servidores fizeram, em frente à sede do
Banco Central, uma encenação
em que o presidente Lula e os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Ricardo Berzoini (Trabalho) são noivas que se casam com
um ator representando o FMI.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) disse ontem que a proposta
do governo para o reajuste dos
servidores é a "razoável" para a situação do país: "Não é aceitável
que aconteça agora essa greve pelo comportamento que o governo
vem adotando ao negociar".
Colaboraram a Reportagem Local e a Sucursal do Rio
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