São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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CAMPO MINADO

Grupo contraria MST nacional e invade Incra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sem seguir orientação da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cerca de 300 trabalhadores rurais invadiram na madrugada de ontem, em Brasília, o prédio da sede nacional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Foi a primeira ação nesses moldes no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Eles deixaram o local por volta das 15h, após negociação com a Ouvidoria Agrária Nacional. Hoje devem entregar uma pauta por escrito para retomar o diálogo. Enquanto isso, permanecem no estacionamento do órgão.
Os trabalhadores rurais, entre acampados e assentados da região de Buritis (noroeste de MG, a cerca de 230 km de Brasília), pedem a renegociação de suas dívidas, crédito para este ano, infra-estrutura em seus assentamentos e a reestruturação do Incra, cujos funcionários estão em greve.
A invasão ocorreu por volta das 4h. Metade dos agricultores ficou na entrada. Os demais tomaram os corredores dos últimos cinco andares do prédio. O 18º, onde trabalha o presidente da autarquia, Rolf Hackbart, também foi ocupado. Ele não foi ao local -estava no Ministério do Desenvolvimento Agrário, disse sua assessoria. Segundo nota do Incra, não havia "justificativa" para a ação, pois o órgão "tem trabalhado para cumprir todas as metas" do novo PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária).
Pela manhã, em nota, a direção do MST no Distrito Federal informou que a ação partiu de um "grupo isolado" que "não se submete ao método de trabalho coletivo e de organicidade do MST". Às vésperas do "abril vermelho", o MST afirmara que suas ações poupariam os prédios públicos. O líder da invasão, Álvaro Alves Alcântara Júnior, 42, disse: "Nós não reconhecemos essa nota". (EDUARDO SCOLESE)


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