São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

Texto Anterior | Índice

TODA MÍDIA

Alcoolismo

NELSON DE SÁ

Governo e petistas não erram no que vêm dizendo sobre a reportagem de Larry Rohter no "New York Times".
Não havia, até então, uma "preocupação nacional" com o hábito de beber do presidente. As três "fontes" citadas pela reportagem não têm crédito.
E foi o trabalho de um repórter em atropelo a outro, do mesmo "NYT" mas vencedor do Pulitzer, que prepara ou preparava capa sobre Lula para a prestigiosa revista do jornal.
A linguagem usada denuncia desejo de humilhação, o que já vinha ocorrendo nos adjetivos de Mangabeira Unger, no desprezo de Jô Soares pela entrevista com o presidente etc.
É uma volta "aos velhos tempos de acusações preconceituosas", que remete ao episódio de 89, em que os mesmos colloridos diziam que Lula teria sugerido a uma namorada que abortasse, e a vários outros.
Para fechar, o "NYT" não fez o mesmo com a vida pessoal de Collor nem com a de FHC, embora não faltassem "fontes" para tanto.
Até aí, bons argumentos. Mas então vem Luiz Gushiken, ministro e sobretudo amigo de Lula, e diz à Globo que "o presidente não vai mudar o comportamento por causa da reportagem".
Alcoolismo, ainda que apenas uma sombra, uma desconfiança, até uma calúnia, não é assunto para tratar com tapas nas costas e estímulo.

Maluf no ar
Paulo Maluf já está com comerciais na TV. E fala grosso contra os promotores, por exemplo, ontem na Jovem Pan:
- Que me processem, em vez de ficar mostrando documentos à imprensa. Documentos a que meus advogados não têm acesso.
Pela primeira vez, citou José Serra como fonte das denúncias.

Serra x FHC
"O Globo" deu que "Serra vê o dedo de FHC, através de Nizan Guanaes, na concepção da campanha petista". O esforço de opor Lula e o ex-presidente, na campanha, seria um modo de tirar Serra do páreo presidencial.

Soldados no Rio
A Globo passou os últimos dias comemorando a confirmação ou quase da ação militar no Rio. O Fantástico cobriu com "exclusividade" o treinamento das tropas -e o Jornal Nacional de ontem detalhou exaustivamente como devem ser as operações.

Soldados no Haiti
Os argentinos "La Nacion" e "Clarín" noticiaram ontem o envio de tropas argentinas ao Haiti, num "gesto para George W. Bush", e a viagem do ministro da Defesa ao Brasil.
A "coordenação militar" no Haiti, segundo os jornais, será "do Mercosul".

México e Mercosul
O mexicano "El Diario" destacou que o Brasil prepara proposta comercial para discutir com o presidente mexicano Vicente Fox na próxima reunião do Mercosul, daqui a três semanas, e formalizar a entrada do país do norte no bloco sul-americano.

Amorim no Cairo
O site Arabic News e outros no Oriente Médio noticiaram no fim de semana a confirmação pelo chanceler Celso Amorim, em entrevista no Cairo (Egito), do encontro entre países sul-americanos e árabes, marcado para dezembro no Brasil.

França contra

Foi manchete no "Financial Times", destaque noticioso no "Le Monde" -e as agências Bloomberg, Reuters, Associated Press, France Presse e até a Globo saíram correndo atrás, logo pela manhã:
- União Européia propõe retirada de subsídios agrícolas.
Mas o governo Lula desde logo, como noticiou a BBC, demonstrou "ceticismo", apesar da flagrante vitória política do anúncio da UE.
E não demorou para a França jogar água no entusiasmo geral, dizendo, segundo a France Presse, que a iniciativa "excede o mandato de negociação da comissão" de agricultura da UE, nas palavras do ministro francês de agricultura, que acrescentou:
- Nós somos muito contra o conteúdo da carta (da comissão).
Um consultor ouvido pela Bloomberg declarou que a oposição francesa "pode ser suficiente para acabar com os esforços da UE para mostrar flexibilidade".
Enquanto isso, lá em Paris, o líder sem-terra João Pedro Stedile participava de evento ao lado de José Bové, o líder dos muito protegidos e subsidiados agricultores franceses.
Alexandre Garcia, na Globo, observou que o sem-terra, em vez de detonar o governo Lula, deveria ter argumentado com seu colega francês.

Rede Record/Reprodução
LULA E A TV Segundo a revista "Época", o presidente "não está gostando nem um pouco do baixo nível de alguns programas de TV, principalmente daqueles que exploram a violência e a sexualidade" (acima, cena do Cidade Alerta de ontem). O ministro Luiz Gushiken vai "chamar os donos de duas emissoras" para tratar do assunto.


Texto Anterior: Questão indígena: Índios ocupam a sede da Funai em Roraima
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.