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É necessário corrigir distorções e
desenhar nova geografia, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em rápido discurso ontem na
abertura da Cúpula América do
Sul-Países Árabes, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criticou
as "distorções" do comércio
mundial, cobrou "autonomia" e
"criatividade" dos chefes de Estado e de governo presentes ao
evento e, a seguir, convocou-os a
"desenhar" uma nova geografia
econômica no mundo.
Segundo o presidente, a organização da cúpula, que termina hoje, foi uma vitória da "coragem"
diante do "ceticismo" daqueles
que duvidavam de sua realização.
E, diante de líderes árabes que se
perpetuam no poder, falou repetidas vezes de democracia.
Sobre o comércio, disse: "É necessário promover eqüidade num
sistema multilateral de comércio
profundamente marcado por assimetrias e distorções. Devemos
nos afirmar perante uma ordem
econômica resistente à transformação e aos interesses legítimos
dos países em desenvolvimento".
A seguir, sobre o mesmo tema,
propôs o desafio de "desenhar"
novo modelo de comércio mundial, cobrando, antes disso, mais
"criatividade" aos países em desenvolvimento. "Nosso grande
desafio é desenhar uma nova geografia econômica e comercial internacional. Podemos traçar novos rumos na busca do desenvolvimento, sem desconsiderar caminhos tradicionais, mas com autonomia, criatividade e ousadia."
Ontem, na abertura da cúpula,
no Centro de Convenções Ulysses
Guimarães, o presidente falou por
apenas sete minutos, sem improvisos. A seguir, pela ordem, ouviu
as falas do presidente da Argélia e
da Liga Árabe, Abdelaziz Bouteflika, do colega peruano, Alejandro
Toledo, e do secretário-geral da
Liga Árabe, Amre Moussa.
Ao contrário do habitual, Lula
não citou diretamente aspiração
por uma cadeira definitiva no
Conselho de Segurança da ONU
nem recentes vitórias do país na
OMC (Organização Mundial do
Comércio), mas, ao tratar da "democratização" dos organismos
internacionais, deixou as idéias
subentendidas.
"Não estamos reunidos apenas
em busca de vantagens econômicas e comerciais. Defendemos a
democratização dos organismos
internacionais para que a voz dos
países em desenvolvimento seja
ouvida. Buscamos um comércio
justo e equilibrado, livre de subsídios impostos pelos países ricos."
Sobre aspirações da cúpula, rotulou-as de "ambiciosas". Atacou
os que duvidaram de sua realização: "Vencemos o ceticismo".
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