São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2005

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É necessário corrigir distorções e desenhar nova geografia, diz Lula

EDUARDO SCOLESE
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em rápido discurso ontem na abertura da Cúpula América do Sul-Países Árabes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as "distorções" do comércio mundial, cobrou "autonomia" e "criatividade" dos chefes de Estado e de governo presentes ao evento e, a seguir, convocou-os a "desenhar" uma nova geografia econômica no mundo.
Segundo o presidente, a organização da cúpula, que termina hoje, foi uma vitória da "coragem" diante do "ceticismo" daqueles que duvidavam de sua realização. E, diante de líderes árabes que se perpetuam no poder, falou repetidas vezes de democracia.
Sobre o comércio, disse: "É necessário promover eqüidade num sistema multilateral de comércio profundamente marcado por assimetrias e distorções. Devemos nos afirmar perante uma ordem econômica resistente à transformação e aos interesses legítimos dos países em desenvolvimento".
A seguir, sobre o mesmo tema, propôs o desafio de "desenhar" novo modelo de comércio mundial, cobrando, antes disso, mais "criatividade" aos países em desenvolvimento. "Nosso grande desafio é desenhar uma nova geografia econômica e comercial internacional. Podemos traçar novos rumos na busca do desenvolvimento, sem desconsiderar caminhos tradicionais, mas com autonomia, criatividade e ousadia."
Ontem, na abertura da cúpula, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o presidente falou por apenas sete minutos, sem improvisos. A seguir, pela ordem, ouviu as falas do presidente da Argélia e da Liga Árabe, Abdelaziz Bouteflika, do colega peruano, Alejandro Toledo, e do secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa.
Ao contrário do habitual, Lula não citou diretamente aspiração por uma cadeira definitiva no Conselho de Segurança da ONU nem recentes vitórias do país na OMC (Organização Mundial do Comércio), mas, ao tratar da "democratização" dos organismos internacionais, deixou as idéias subentendidas.
"Não estamos reunidos apenas em busca de vantagens econômicas e comerciais. Defendemos a democratização dos organismos internacionais para que a voz dos países em desenvolvimento seja ouvida. Buscamos um comércio justo e equilibrado, livre de subsídios impostos pelos países ricos."
Sobre aspirações da cúpula, rotulou-as de "ambiciosas". Atacou os que duvidaram de sua realização: "Vencemos o ceticismo".


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