São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Ministro pede que servidores da Cultura continuem pressionando Planejamento

Gil se diz solidário com grevistas

DA SUCURSAL DO RIO

Após ser cercado ontem por um grupo de funcionários do Ministério da Cultura em greve, no Rio de Janeiro, o titular da pasta, Gilberto Gil, disse ser solidário às reivindicações dos servidores. O ministro disse que ele também reclamava verbas à equipe econômica do governo e que os grevistas deveriam continuar pressionando o Ministério do Planejamento.
Cerca de 300 funcionários da rede de museus e institutos do ministério, em greve há um mês, reuniram-se no edifício Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, no centro, para discutir a contraproposta do governo à reivindicação de criação de plano de carreira para os servidores.
Os grevistas da Cultura decidiram realizar nova reunião amanhã, para avaliar a oferta de gratificações salariais que variam de 49% a 76%, e serão válidas a partir de janeiro de 2006.
Quando Gil tentou deixar o prédio, seu carro foi cercado. Sem poder sair, desceu do veículo, alegou ter um compromisso de almoço e prometeu aos servidores voltar a encontrá-los no meio da tarde. Teve de tomar um táxi para deixar o local.
Gil tem reclamado da falta de verbas para sua pasta. Na semana passada, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o corte de 57% que o orçamento da Cultura sofreu -com o corte, a pasta ficou com R$ 213,4 milhões.
Segundo o secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira, os recursos não são suficientes sequer para a manutenção das despesas fixas e empenhos do ano passado.
Em discurso feito anteontem no Rio, o ministro acusou o Estado brasileiro de omissão em relação à política cultural e afirmou que "muita gente no próprio governo federal" tem dificuldade de compreender o papel da cultura.
Às 15h30 de ontem, como prometido, o ministro voltou ao edifício Gustavo Capanema, acompanhado de seguranças. Usando um microfone e rodeado por grevistas na entrada do prédio, conversou com os servidores. Um deles interrompeu o discurso para pedir que Gilberto Gil os defendesse frente ao governo. "E o que é que eu tenho feito?", respondeu.
Disse que o Ministério da Cultura não é o responsável por garantir as demandas dos servidores, afirmando que quem decidirá a questão é o Ministério do Planejamento, e declarou sua solidariedade às reivindicações.
"O Estado indica, nomeia, designa o Ministério do Planejamento como instância adequada e competente para essas negociações com vocês. Não é o Ministério da Cultura. O que o ministério tem feito, na medida de sua possibilidade, é a intermediação política", disse.
Para compensar os cortes, o governo se prepara para finalizar neste ano o projeto da loteria da cultura, que reverterá recursos arrecadados nos jogos para programas na área. A estimativa do ministério é a arrecadação de R$ 300 milhões por ano.


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