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POLÍTICA CULTURAL
Ministro pede que servidores da Cultura continuem pressionando Planejamento
Gil se diz solidário com grevistas
DA SUCURSAL DO RIO
Após ser cercado ontem por
um grupo de funcionários do
Ministério da Cultura em greve,
no Rio de Janeiro, o titular da
pasta, Gilberto Gil, disse ser solidário às reivindicações dos servidores. O ministro disse que ele
também reclamava verbas à
equipe econômica do governo e
que os grevistas deveriam continuar pressionando o Ministério
do Planejamento.
Cerca de 300 funcionários da
rede de museus e institutos do
ministério, em greve há um
mês, reuniram-se no edifício
Gustavo Capanema, antiga sede
do Ministério da Educação, no
centro, para discutir a contraproposta do governo à reivindicação de criação de plano de
carreira para os servidores.
Os grevistas da Cultura decidiram realizar nova reunião amanhã, para avaliar a oferta de gratificações salariais que variam
de 49% a 76%, e serão válidas a
partir de janeiro de 2006.
Quando Gil tentou deixar o
prédio, seu carro foi cercado.
Sem poder sair, desceu do veículo, alegou ter um compromisso de almoço e prometeu aos
servidores voltar a encontrá-los
no meio da tarde. Teve de tomar
um táxi para deixar o local.
Gil tem reclamado da falta de
verbas para sua pasta. Na semana passada, se reuniu com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para discutir o corte de
57% que o orçamento da Cultura sofreu -com o corte, a pasta
ficou com R$ 213,4 milhões.
Segundo o secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira,
os recursos não são suficientes
sequer para a manutenção das
despesas fixas e empenhos do
ano passado.
Em discurso feito anteontem
no Rio, o ministro acusou o Estado brasileiro de omissão em
relação à política cultural e afirmou que "muita gente no próprio governo federal" tem dificuldade de compreender o papel da cultura.
Às 15h30 de ontem, como prometido, o ministro voltou ao
edifício Gustavo Capanema,
acompanhado de seguranças.
Usando um microfone e rodeado por grevistas na entrada do
prédio, conversou com os servidores. Um deles interrompeu o
discurso para pedir que Gilberto
Gil os defendesse frente ao governo. "E o que é que eu tenho
feito?", respondeu.
Disse que o Ministério da Cultura não é o responsável por garantir as demandas dos servidores, afirmando que quem decidirá a questão é o Ministério do
Planejamento, e declarou sua
solidariedade às reivindicações.
"O Estado indica, nomeia, designa o Ministério do Planejamento como instância adequada e competente para essas negociações com vocês. Não é o
Ministério da Cultura. O que o
ministério tem feito, na medida
de sua possibilidade, é a intermediação política", disse.
Para compensar os cortes, o
governo se prepara para finalizar neste ano o projeto da loteria
da cultura, que reverterá recursos arrecadados nos jogos para
programas na área. A estimativa
do ministério é a arrecadação de
R$ 300 milhões por ano.
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