São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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Negociações sobre bancos não vingaram

DA REPORTAGEM LOCAL

Ajuda para driblar a burocracia e acesso a autoridades governamentais -essa era a promessa feita a empresários pelo grupo encarregado de conseguir dinheiro "não-contabilizado" para o PT, segundo a Folha apurou.
Os contatos mais importantes eram feitos pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.
O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira declarou ao jornal "O Globo" que o partido e Marcos Valério de Souza pretendiam arrecadar R$ 1 bilhão. Parte do dinheiro, disse Silvio ao jornal, estaria relacionado a três bancos -Opportunity, Econômico e Mercantil de Pernambuco (esses dois últimos em liquidação extrajudicial). O restante viria de negociações com passivos agropecuários, que o ex-petista não soube detalhar.
Ontem, em depoimento à CPI dos Bingos, o ex-dirigente petista não confirmou as informações. Disse aos senadores que não tinha condições de diferenciar o que seria verdade e o que seria ficção. Dirigentes petistas e Marcos Valério negaram as acusações.

Reuniões
Segundo a Folha apurou com políticos, empresários e técnicos de instituições financeiras, a versão apresentada por Silvio ao jornal corresponde à verdade. Reuniões ocorreram entre Marcos Valério, Delúbio e representantes dos bancos citados nos hotéis Blue Tree e na Academia de Tênis, ambos em Brasília.
Nos encontros foram planejadas três operações: a venda da massa falida do Banco Mercantil de Pernambuco ao Banco Rural, a transformação da liquidação extrajudicial do Econômico em liquidação ordinária e a venda da Telemig, operadora mineira de telefonia, à Portugal Telecom.
Embora tenham sido alvo de tentativas ao longo de 2003 e 2004, nenhum dos negócios foi concretizado -informação ressaltada por Silvio Pereira na entrevista.
Na tentativa de pressionar o Banco Central, contrário às operações com Mercantil e o Econômico, petistas fomentaram a criação, no Senado, da subcomissão de Liquidação de Instituições Financeiras. O presidente escolhido foi o senador mineiro Aelton Freitas, pertencente ao PL, partido da base governista e suplente do vice-presidente José Alencar. A subcomissão, que tratava de outro banco em liquidação, o Nacional, foi criada em 2004 e prorrogada até dezembro do ano passado. (JL)


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