São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS

Dos 62 citados pela PF, 36 não serão investigados; 11 outros casos serão avaliados em fase posterior

Câmara abre investigação sobre 16 deputados

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Mesa da Câmara decidiu ontem arquivar a investigação contra 36 dos 62 deputados citados pela Polícia Federal no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país.
A corregedoria da Casa vai abrir investigação imediata contra 16 deputados federais que teriam recebido dinheiro do esquema -sendo que um deles, Reginaldo Germano (PP-BA), não estava na lista da PF, mas será investigado pela notícia de que teria recebido R$ 5.000 em sua própria conta. Outros 11 nomes, que tiveram funcionários presos ou acusados de receber dinheiro, ficarão "em suspenso" -não serão investigados agora, mas seus casos não serão arquivados de imediato.
Investigarão os 16 deputados uma comissão de sindicância da corregedoria chefiada por Ciro Nogueira (PP-PI). O relator será Robson Tuma (PFL-SP). Estão na comissão Givaldo Carimbão (PSB-AL), Jorge Alberto (PMDB-SE) e Odair Cunha (PT-MG).
Os três integrantes da Mesa citados na lista ficaram de fora da investigação imediata. Eduardo Gomes (PSDB-TO), terceiro-secretário, e João Caldas (PL-AL) terão seus casos arquivados. Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo-secretário, ficará no grupo dos casos "em suspenso" aguardando o final da investigação contra um de seus assessores.

Tensão
A decisão da Mesa foi tomada em uma tensa reunião que coroou um dia igualmente agitado nos gabinetes do presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do corregedor, Ciro Nogueira. Os dois foram assediados o dia todo por deputados acusados.
A intenção da Câmara até ontem era abrir a investigação contra menos de dez parlamentares e arquivar os demais, mas a divulgação de que a funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino havia apontado o nome de dezenas de deputados como receptores de propina do esquema alterou o ânimo e levou à criação inclusive do grupo intermediário de acusados, os "em suspenso".
"A presidência [da Câmara] e a Mesa adotaram o procedimento que o regimento determina; contra os que há indícios de crime, a corregedoria iniciará investigação. Isso não significa que havendo novas informações a Corregedoria não possa adotar novas providências", disse Aldo.
Os critérios foram questionados imediatamente. Deputados lembraram que há na lista dos que "escaparam" acusados contra os quais há gravações comprometedoras, como a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), que nega participação no esquema.
A investigação pela corregedoria contra os 16 deputados resultará em um parecer, que segue à Mesa. Aqueles contra os quais forem aprovados o pedido de cassação serão processados pelo Conselho de Ética, que também aprova um parecer, que vai a votação no plenário da Casa. É improvável que essa fase ocorra neste ano.
Os 16 investigados são: Almir Moura (PFL-RJ), Fernando Gonçalves (PTB-RJ), Isaías Silvestre (PSB-MG), João Batista (PP-SP), João Correia (PMDB-AC), Marcos Abramo (PP-SP), Maurício Rabelo (PL-TO), Neuton Lima (PTB-SP), Paulo Baltazar (PSB-RJ), Irapuan Teixeira (PP-SP), Reinaldo Gripp (PL-RJ), Ricarte de Freitas (PTB-MT), Vieira Reis (PRB-RJ), Wellington Fagundes (PL-MT), Zelinda Novaes (PFL-BA) e Reginaldo Germano.


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