|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Dos 62 citados pela PF, 36 não serão investigados; 11 outros casos serão avaliados em fase posterior
Câmara abre investigação sobre 16 deputados
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Mesa da Câmara decidiu ontem arquivar a investigação contra 36 dos 62 deputados citados
pela Polícia Federal no esquema
de venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras do país.
A corregedoria da Casa vai abrir
investigação imediata contra 16
deputados federais que teriam recebido dinheiro do esquema
-sendo que um deles, Reginaldo
Germano (PP-BA), não estava na
lista da PF, mas será investigado
pela notícia de que teria recebido
R$ 5.000 em sua própria conta.
Outros 11 nomes, que tiveram
funcionários presos ou acusados
de receber dinheiro, ficarão "em
suspenso" -não serão investigados agora, mas seus casos não serão arquivados de imediato.
Investigarão os 16 deputados
uma comissão de sindicância da
corregedoria chefiada por Ciro
Nogueira (PP-PI). O relator será
Robson Tuma (PFL-SP). Estão na
comissão Givaldo Carimbão
(PSB-AL), Jorge Alberto (PMDB-SE) e Odair Cunha (PT-MG).
Os três integrantes da Mesa citados na lista ficaram de fora da investigação imediata. Eduardo Gomes (PSDB-TO), terceiro-secretário, e João Caldas (PL-AL) terão
seus casos arquivados. Nilton Capixaba (PTB-RO), segundo-secretário, ficará no grupo dos casos
"em suspenso" aguardando o final da investigação contra um de
seus assessores.
Tensão
A decisão da Mesa foi tomada
em uma tensa reunião que coroou
um dia igualmente agitado nos
gabinetes do presidente da Casa,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do
corregedor, Ciro Nogueira. Os
dois foram assediados o dia todo
por deputados acusados.
A intenção da Câmara até ontem era abrir a investigação contra menos de dez parlamentares e
arquivar os demais, mas a divulgação de que a funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha
Lino havia apontado o nome de
dezenas de deputados como receptores de propina do esquema
alterou o ânimo e levou à criação
inclusive do grupo intermediário
de acusados, os "em suspenso".
"A presidência [da Câmara] e a
Mesa adotaram o procedimento
que o regimento determina; contra os que há indícios de crime, a
corregedoria iniciará investigação. Isso não significa que havendo novas informações a Corregedoria não possa adotar novas providências", disse Aldo.
Os critérios foram questionados
imediatamente. Deputados lembraram que há na lista dos que
"escaparam" acusados contra os
quais há gravações comprometedoras, como a deputada Laura
Carneiro (PFL-RJ), que nega participação no esquema.
A investigação pela corregedoria contra os 16 deputados resultará em um parecer, que segue à
Mesa. Aqueles contra os quais forem aprovados o pedido de cassação serão processados pelo Conselho de Ética, que também aprova um parecer, que vai a votação
no plenário da Casa. É improvável
que essa fase ocorra neste ano.
Os 16 investigados são: Almir
Moura (PFL-RJ), Fernando Gonçalves (PTB-RJ), Isaías Silvestre
(PSB-MG), João Batista (PP-SP),
João Correia (PMDB-AC), Marcos Abramo (PP-SP), Maurício
Rabelo (PL-TO), Neuton Lima
(PTB-SP), Paulo Baltazar (PSB-RJ), Irapuan Teixeira (PP-SP),
Reinaldo Gripp (PL-RJ), Ricarte
de Freitas (PTB-MT), Vieira Reis
(PRB-RJ), Wellington Fagundes
(PL-MT), Zelinda Novaes (PFL-BA) e Reginaldo Germano.
Texto Anterior: PSDB decide unificar campanhas de Serra e Alckmin em São Paulo Próximo Texto: Outro lado: Deputados dizem ver acusações como boa chance de se explicar Índice
|