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Mensagem enviada por vazador revela que dossiê estava anexado
E-mail continha dois arquivos, um deles era a planilha com despesas de FHC
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mensagem com o dossiê
vazado pelo secretário de controle interno da Casa Civil, José
Aparecido Nunes Pires, revela
que havia dois arquivos anexados ao e-mail. A cópia integral
da correspondência, obtida
com exclusividade pela Folha,
contradiz Aparecido, que havia
dito não ter enviado a planilha
com gastos do ex-presidente
FHC para o servidor do Senado
André Fernandes, assessor do
tucano Álvaro Dias (PR).
Na mensagem, encaminhada
no dia 20 de fevereiro, às
10h47, do e-mail funcional de
Aparecido no Palácio do Planalto, há um documento em
Word e outro em Excel. O primeiro é um texto sobre supervisão ministerial. O outro é o
dossiê, intitulado "Suprimento
de Fundos 1998-2002".
Aparecido havia admitido
apenas ter enviado um texto,
mas não o arquivo em Excel.
Na mensagem, ele escreveu:
"André, leia o texto". Não há
menção ao dossiê nem a gastos
do governo passado na mensagem. O texto em Word é da Secretaria de Controle Interno da
Casa Civil, mas não aborda assuntos de natureza sigilosa.
Na quinta-feira, contudo, o
servidor do Senado havia confirmado à Folha que tinha recebido a mensagem com o dossiê anexado. Ele contou que, por dever funcional, repassou o
caso ao senador Álvaro Dias,
que corroborou a sua versão.
Na sexta, após a Folha ter revelado que a sindicância interna da Casa Civil e a Polícia Federal identificaram Aparecido
como o vazador, o ex-ministro
José Dirceu divulgou nota afirmando não acreditar que teria
sido o secretário de controle
interno o responsável pelo envio do documento à oposição.
Foi Dirceu, antecessor de Dilma Rousseff na Casa Civil, que
levou Aparecido para o órgão.
O dossiê foi extraído diretamente da rede de computadores da Casa Civil. O arquivo digital, com 27 páginas e 532 lançamentos de despesas ao todo,
revela que, às 15h28 do dia 11 de
fevereiro, a Casa Civil começou
a lançar nas planilhas dados colhidos de processos de prestações de contas dos gastos de suprimentos de fundos da Presidência entre 1998 e 2002. Os
processos foram retirados do
arquivo morto, guardado num
prédio anexo do Planalto.
No período de uma semana,
foram criadas pastas diferentes
para 1998, ano em que FHC foi
reeleito, e os quatro anos do segundo mandato do tucano.
Foram agrupadas separadamente, também, as despesas de
Ruth Cardoso e da chef de cozinha Roberta Sudbrack, além de
pastas específicas para dois dos
ministros mais poderosos na
época, Eduardo Jorge (secretaria-geral) e Clóvis Carvalho
(Casa Civil e Desenvolvimento), e uma outra para Arthur
Virgílio, senador que foi secretário-geral da Presidência.
O arquivo mostra como estava o dossiê até 18 de fevereiro,
mais de um mês antes de a revista "Veja" noticiar a existência do documento destinado
supostamente a constranger a
oposição a Lula no Congresso.
A organização de dados seguiu uma lógica política, e não
administrativa. As planilhas,
fartas em registros de compras
de bebidas alcóolicas, trazem
anotações que poderiam orientar governistas nos trabalhos
da CPI. É identificada também
a sigla PR (Presidência da República) na planilha Excel como a empresa de onde foi gerado o arquivo.
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