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Chegada do Opportunity ao PA ampliou tensão, diz CPT
Sem-terra feridos no sábado vão depor nesta semana
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A chegada do grupo Opportunity, ligado ao banqueiro Daniel Dantas, ao sudeste do Pará
aumentou a tensão em uma das
áreas de maior conflito fundiário do país, afirma a CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Segundo a comissão, braço
agrário da Igreja Católica, a
Agropecuária Santa Bárbara
Xinguara, que tem o banco como um dos acionistas, contratou, com seu poderio econômico, quantidade de seguranças
nunca vista antes na região.
Anteontem, três sem-terra
foram baleados, sem gravidade,
pelos vigilantes da empresa na
fazenda Maria Bonita, em Eldorado do Carajás -invadida
pelo MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) e por outras organizações desde julho de 2008. Os
três devem prestar depoimento
à Polícia Civil nesta semana.
No mês passado, tiroteio entre trabalhadores rurais e seguranças em fazenda da empresa
deixou nove feridos. As investigações ainda não acabaram.
"É o momento mais tenso
desde o massacre, pelo número
de famílias envolvidas [na disputa com a empresa]. Não sei
até quando os trabalhadores
vão ficar só contando seus feridos", disse José Batista, advogado da CPT, que começou a
atuar na área à época do massacre de Eldorado do Carajás, em
1996, quando 19 sem-terra foram mortos por policiais.
"O que assusta é a ordem dada: encontrou [um invasor],
atirou", afirmou.
O Opportunity começou a
comprar terras e gado no Pará
há cerca de três anos. Afirma
gerar cerca de 15 mil empregos.
Rodrigo de Paula, diretor da
Santa Bárbara, concorda que a
chegada da empresa aumentou
a violência na região, mas que
isso se deve à incapacidade da
governadora do Pará, Ana Júlia
Carepa (PT), de impor a ordem,
ao não cumprir mandados de
reintegração de posse.
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