São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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OAB quer fitas sobre suposto desvio de Yeda

Entidade vai requerer à Promotoria a divulgação de gravações que ligariam governadora do RS a caixa dois em campanha

Yeda nega a existência de caixa 2; na Assembleia, aliados da governadora se articulam para evitar que oposição abra uma nova CPI


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A seção gaúcha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vai requerer hoje ao Ministério Público Federal a divulgação das gravações que ligam a governadora Yeda Crusius (PSDB-RS) e assessores importantes da campanha ao caixa dois de campanha.
Segundo a revista "Veja", gravações feitas pelo empresário Lair Ferst, um dos coordenadores de campanha do PSDB, em 2006, foram entregues à procuradoria. Os áudios mostrariam que as empresas de fumo Alliance One e CTA-Continental entregaram R$ 400 mil "por fora" no segundo turno.
Yeda nega a existência do caixa dois. A Alliance afirma que fez uma doação legal de R$ 200 mil, com recibo, e a CTA declarou que não doou para a campanha da tucana.
"O Ministério Público Federal tem que esclarecer de forma definitiva a existência e o conteúdo das gravações. Não podemos conviver com a incerteza dessas denúncias gravíssimas que comprometem a primeira gestora do Estado", disse o presidente da OAB-RS, Cláudio Lamachia.

Sigilo comprometido
Para o presidente da entidade, o sigilo da investigação já foi afetado e perdeu o sentido após as denúncias feitas pelo PSOL, em fevereiro, sobre a existência das gravações.
No final de semana, as denúncias foram reforçadas pela reportagem da revista, que afirmou ter tido acesso aos áudios.
"Essa situação, com denúncias e negativas se acumulando sem que nada se esclareça, já está parecendo infelizmente uma novela mexicana", afirmou Lamachia.
Na Assembleia Legislativa, o dia será de articulação política em torno da pretensão dos partidos de oposição de abrirem uma nova CPI para investigar as denúncias.
A deputada Stela Farias (PT) afirma que já existe apoio dentro das bancadas das legendas que integram a base de Yeda à abertura de uma nova investigação para apurar o caso.
"A CPI já está dada e vamos conseguir até mais do que as 19 assinaturas (necessárias para instalar a comissão) porque há um constrangimento muito grande sobre deputados de todos os partidos", disse a petista.

Despesas pessoais
Além do caixa dois, a "Veja" afirma ainda que os conteúdos dos áudios indicam ainda que a agência de publicidade DCS, que presta serviços ao governo, pagou despesas pessoais de Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda.
Em nota distribuída à imprensa ontem, a DCS declarou que "nunca realizou pagamentos de despesas de qualquer espécie para partidos políticos, seus integrantes ou campanhas eleitorais". A agência de publicidade informou que pretende processar a revista.
Cavalcante, segundo a publicação, é o interlocutor de Ferst nas gravações. O ex-assessor foi encontrado morto em fevereiro no Lago Paranoá, em Brasília. Sua morte está sendo investigada pela polícia e as evidências apontam que tenha cometido suicídio.


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