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OAB quer fitas sobre suposto desvio de Yeda
Entidade vai requerer à Promotoria a divulgação de gravações que ligariam governadora do RS a caixa dois em campanha
Yeda nega a existência de caixa 2; na Assembleia, aliados da governadora se articulam para evitar que oposição abra uma nova CPI
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A seção gaúcha da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
vai requerer hoje ao Ministério
Público Federal a divulgação
das gravações que ligam a governadora Yeda Crusius
(PSDB-RS) e assessores importantes da campanha ao caixa
dois de campanha.
Segundo a revista "Veja", gravações feitas pelo empresário
Lair Ferst, um dos coordenadores de campanha do PSDB, em
2006, foram entregues à procuradoria. Os áudios mostrariam
que as empresas de fumo
Alliance One e CTA-Continental entregaram R$ 400 mil "por
fora" no segundo turno.
Yeda nega a existência do caixa dois. A Alliance afirma que
fez uma doação legal de R$ 200
mil, com recibo, e a CTA declarou que não doou para a campanha da tucana.
"O Ministério Público Federal tem que esclarecer de forma
definitiva a existência e o conteúdo das gravações. Não podemos conviver com a incerteza
dessas denúncias gravíssimas
que comprometem a primeira
gestora do Estado", disse o presidente da OAB-RS, Cláudio
Lamachia.
Sigilo comprometido
Para o presidente da entidade, o sigilo da investigação já foi
afetado e perdeu o sentido após
as denúncias feitas pelo PSOL,
em fevereiro, sobre a existência
das gravações.
No final de semana, as denúncias foram reforçadas pela
reportagem da revista, que afirmou ter tido acesso aos áudios.
"Essa situação, com denúncias e negativas se acumulando
sem que nada se esclareça, já
está parecendo infelizmente
uma novela mexicana", afirmou Lamachia.
Na Assembleia Legislativa, o
dia será de articulação política
em torno da pretensão dos partidos de oposição de abrirem
uma nova CPI para investigar
as denúncias.
A deputada Stela Farias (PT)
afirma que já existe apoio dentro das bancadas das legendas
que integram a base de Yeda à
abertura de uma nova investigação para apurar o caso.
"A CPI já está dada e vamos
conseguir até mais do que as 19
assinaturas (necessárias para
instalar a comissão) porque há
um constrangimento muito
grande sobre deputados de todos os partidos", disse a petista.
Despesas pessoais
Além do caixa dois, a "Veja"
afirma ainda que os conteúdos
dos áudios indicam ainda que a
agência de publicidade DCS,
que presta serviços ao governo,
pagou despesas pessoais de
Marcelo Cavalcante, ex-assessor de Yeda.
Em nota distribuída à imprensa ontem, a DCS declarou
que "nunca realizou pagamentos de despesas de qualquer espécie para partidos políticos,
seus integrantes ou campanhas
eleitorais". A agência de publicidade informou que pretende
processar a revista.
Cavalcante, segundo a publicação, é o interlocutor de Ferst
nas gravações. O ex-assessor foi
encontrado morto em fevereiro no Lago Paranoá, em Brasília. Sua morte está sendo investigada pela polícia e as evidências apontam que tenha cometido suicídio.
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