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Prefeito doa passagens para SP
do enviado especial
Na tarde da quinta-feira da semana passada, o prefeito de Felipe
Guerra (RN), Hulgo Costa
(PMDB), tinha duas preocupações. A primeira era reunir 200
cestas para entregar a flagelados
que ameaçaram invadir a prefeitura pela manhã. A segunda era a diminuição da população.
Com menos habitantes, a prefeitura corre o risco de ficar com menos do que os R$ 120 mil mensais
do Fundo de Participação dos Municípios -praticamente a única
renda da cidade. A prefeitura teve
gastos extras com a compra de
passagens para São Paulo. "Não
estimulo isso. Mas viajar para São
Paulo ainda é uma esperança para
essas pessoas", diz Costa.
Paulo Benevides Carneiro, 55,
despachou dois de seis oito filhos
para São Paulo. "Lá, devem estar
melhor do que aqui." Ele diz que
perdeu tudo. "Restam umas cabeças de gado, que vou vendendo
para comprar comida."
Na Chapada do Apodi, região de
terras férteis e de razoável produção agrícola em época de chuvas,
há relatos dramáticos. Maria Luzia
da Conceição de Oliveira, 83, viúva, diz que está se sustentando e
mais 11 pessoas com um salário
mínimo da aposentadoria.
José Oliveira, 37, tem seis filhos e
nenhum centavo de rendimento
fixo. Mora a menos de 200 metros
do rio Apodi, que seria uma das
áreas irrigadas com a transposição
do São Francisco. "Aqui não aparece um só dia de trabalho. Tudo
que eu plantei já morreu com a seca", diz.
(EN)
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