São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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Prefeito doa passagens para SP

do enviado especial

Na tarde da quinta-feira da semana passada, o prefeito de Felipe Guerra (RN), Hulgo Costa (PMDB), tinha duas preocupações. A primeira era reunir 200 cestas para entregar a flagelados que ameaçaram invadir a prefeitura pela manhã. A segunda era a diminuição da população.
Com menos habitantes, a prefeitura corre o risco de ficar com menos do que os R$ 120 mil mensais do Fundo de Participação dos Municípios -praticamente a única renda da cidade. A prefeitura teve gastos extras com a compra de passagens para São Paulo. "Não estimulo isso. Mas viajar para São Paulo ainda é uma esperança para essas pessoas", diz Costa.
Paulo Benevides Carneiro, 55, despachou dois de seis oito filhos para São Paulo. "Lá, devem estar melhor do que aqui." Ele diz que perdeu tudo. "Restam umas cabeças de gado, que vou vendendo para comprar comida."
Na Chapada do Apodi, região de terras férteis e de razoável produção agrícola em época de chuvas, há relatos dramáticos. Maria Luzia da Conceição de Oliveira, 83, viúva, diz que está se sustentando e mais 11 pessoas com um salário mínimo da aposentadoria.
José Oliveira, 37, tem seis filhos e nenhum centavo de rendimento fixo. Mora a menos de 200 metros do rio Apodi, que seria uma das áreas irrigadas com a transposição do São Francisco. "Aqui não aparece um só dia de trabalho. Tudo que eu plantei já morreu com a seca", diz. (EN)



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