São Paulo, segunda, 11 de maio de 1998

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País já importou até camelos

do enviado especial

O Brasil já chegou a importar até mesmo camelos da África na ação contra a seca no Nordeste. No dia 24 de julho de 1859, um barco francês que vinha de Argel desembarcou em Fortaleza 14 camelos e quatro argelinos, contratados para tratar os animais e ensiná-los a trabalhar na região.
Responsáveis pela idéia, o barão de Capanema e o poeta Gonçalves Dias tinham sido encarregados por d. Pedro 2º de encontrar soluções para a seca. A circulação de mercadorias no Nordeste era feita em lombo de burro ou em carros de boi. Com a seca, os animais morriam, e o comércio parava.
Mais do que o comércio, a morte dos animais interrompia toda a ligação entre o sertão e o litoral. Capanema e Dias convenceram o governo imperial a substituir o boi e o cavalo por camelos, animais de carga mais resistentes à fome e à sede. Mas os camelos não resistiram à seca do Nordeste.
"História da Comissão Científica de Exploração", livro escrito por Renato Braga, não narra o fim dos camelos. Mas diz que a população de Fortaleza "recebeu com reservas" os "mouros" que acompanhavam os camelos, por causa dos turbantes escuros que usavam e pelo fato de serem "acirrados inimigos públicos da fé cristã".
Há registros de 1855 de discussão sobre a transposição das águas do rio São Francisco. Deputado pela Província do Ceará, Marcos Antonio de Macedo escreveu relatório contestando geógrafos que achavam a obra inviável.



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