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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Setores da cúpula afirmam que investigação sobre vida de vice de Ciro pode prejudicar imagem da central
Força teme dano com indicação de Paulinho
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Setores da Força Sindical estão
preocupados com a indicação de
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
como vice de Ciro Gomes (PPS)
acabar prejudicando a própria
central. Segundo apurou a Folha
com lideranças da Força, espera-se uma ampla investigação na vida de Paulinho pela imprensa, inclusive com o surgimento de dossiês preparados por adversários.
Na central, é praticamente unânime o sentimento de solidariedade com Paulinho, que assumiu
a presidência da Força Sindical
em 1998. Reservadamente, algumas lideranças da entidade dizem
que mesmo eventuais denúncias
que se provem inconsistentes ou
requentadas deverão ser amplificadas em virtude da nova projeção do presidente da Força.
O receio é que o desgaste acabe
respingando na central, debilitando-a justamente no momento em
que a principal rival, a CUT (Central Única dos Trabalhadores),
declara apoio ao PT de Luiz Inácio Lula da Silva. A Força é a segunda maior central sindical, com
cerca de 1.800 sindicatos filiados.
O pior cenário seria aquele no
qual Paulinho se visse obrigado a
renunciar por causa de acusações
-hipótese considerada improvável. Teme-se que a central acabe
responsabilizada por um eventual
colapso na candidatura de Ciro.
Paulinho e seu mentor político,
Luiz Antônio Medeiros, têm sido
alvo de acusações. O vice de Ciro,
que deverá nos próximos dias
passar adiante o comando da Força Sindical, foi acusado em outubro do ano passado pelo ex-assessor da entidade Wagner Cinchetto de criar um esquema de arrecadação paralela de verbas, desviando recursos do FAT (Fundo de
Amparo ao Trabalhador).
Já Medeiros, que atualmente é
presidente do PL em São Paulo,
foi acusado de ter recebido, no
início dos anos 90, doações de
empresários para abrir a Força
Sindical, ter mantido conta ilegal
em Nova York (EUA) e de ter desviado parte dos recursos em proveito próprio. Também foram
apontadas, por auditoria do Tribunal de Contas da União, irregularidades em cursos de qualificação profissional mantidos pela
Força e pelo governo. Medeiros e
Paulinho negaram as acusações,
dizendo que nada foi provado.
Saia justa
A indicação de Paulinho para
vice criou uma saia justa em alguns setores da central. Calcula-se
que 20% da Executiva da Força tenha simpatia por Lula, mas precisa conciliar esse compromisso
com a relação pessoal com Paulinho. O caso óbvio é o de Medeiros, que já prometeu apoio a Lula
e agora terá de se submeter a uma
ginástica política para não melindrar seu sucessor na Força.
A Folha apurou que o deputado
federal, que é presidente do PL em
São Paulo, deve tentar se manter
equidistante de Lula e Ciro, sem
declarar explicitamente voto. Situação similar vive o presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos de
Osasco, Jorge Nazareno. Apesar
de integrar a Força, ele é petista de
carteirinha: "Mantenho o meu
apoio ao Lula, mas gostaria muito
de poder votar no Paulinho", diz.
Para o provável sucessor de
Paulinho no comando da Força
Sindical, João Carlos Gonçalves, o
"Juruna", a central é "plural politicamente". "A maioria dos companheiros deve seguir com Ciro,
mas estamos certos de que outros
apoiarão [José] Serra, [Anthony]
Garotinho ou Lula. Não há problema", declara "Juruna", atual
secretário-geral da entidade.
O presidente do PDT, Leonel
Brizola, defendeu ontem Paulinho das acusações de uso irregular de recursos: "Ele é um homem
jovem, pode até ter cometido um
erro ou outro. Quem não pisa em
uma casca de banana na vida política, que é complexa? A nós não
impressiona isso. Ele saberá se defender e nós estaremos aí para
ajudá-lo a se defender".
Para Ciro Gomes, as acusações
representam "um esforço desonesto dessa gente que, não tendo
proposta para o país, quer destruir candidaturas com dossiês".
Colaborou PATRICIA ZORZAN, enviada
especial a Pindamonhangaba
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