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POLÍTICA EXTERNA
Segundo Garcia, presidente abordou a questão dos direitos humanos com líder chinês, mas em conversa privada
Diplomacia de Lula é "silenciosa", diz assessor
DE BUENOS AIRES
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva não incluiu em seus discursos a questão dos direitos humanos quando esteve em viagem
oficial à China, no mês passado, e
a Cuba, no ano passado, porque a
diplomacia praticada por seu governo é "silenciosa", e não "ruidosa", disse ontem o assessor especial de política externa da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Segundo ele, Lula conversou sobre direitos humanos com o presidente Hu Jintao privadamente.
"Vemos com satisfação que o governo chinês está preocupado
com os direitos humanos", teria
dito o brasileiro ao colega chinês.
O assessor afirmou que o tema
também foi tratado reservadamente com o ditador cubano, Fidel Castro, em setembro de 2003.
Garcia não detalhou, no entanto,
o que Lula teria dito a Fidel.
O governo brasileiro, de acordo
com o assessor, "admira os esforços da China com relação aos direitos humanos na área do trabalho e a inclusão do tema na Constituição chinesa, mas reconhece
que a mudança é gradual".
Na Comissão de Direitos Humanos da ONU, a gestão Lula não
tem apoiado resoluções que condenem Cuba e a China por violações. Há o argumento de que as
condenações não podem se concentrar sobre determinados países, em detrimento de outros. Recentemente, por exemplo, foram
divulgadas fotos e vídeos que
mostram a prática de tortura por
militares americanos no Iraque.
O governo Lula também é cobrado por ativistas dos direitos
humanos para que o presidente
trate do tema em suas viagens.
A diplomacia ruidosa, segundo
Garcia, é aquela que aponta os erros dos outros. Já a silenciosa é a
que não faz alarde de suas conversas no âmbito diplomático.
Questionado sobre o posicionamento público do Brasil contra a
guerra no Iraque, Garcia disse
que, nesse caso, é "diferente porque a intervenção americana geraria, como está gerando, conseqüências para todos os países".
Apesar da diferença de atitude
do Brasil em relação à guerra no
Iraque e à China e a Cuba, Garcia
afirmou que o governo Lula não
faz distinções. "Se formos seletivos com relação aos direitos humanos, então teríamos que falar
também do México, de Guantánamo [a base americana em Cuba], do Iraque, por exemplo."
(CLÁUDIA DIANNI)
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