São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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POLÍTICA EXTERNA

Segundo Garcia, presidente abordou a questão dos direitos humanos com líder chinês, mas em conversa privada

Diplomacia de Lula é "silenciosa", diz assessor

DE BUENOS AIRES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não incluiu em seus discursos a questão dos direitos humanos quando esteve em viagem oficial à China, no mês passado, e a Cuba, no ano passado, porque a diplomacia praticada por seu governo é "silenciosa", e não "ruidosa", disse ontem o assessor especial de política externa da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Segundo ele, Lula conversou sobre direitos humanos com o presidente Hu Jintao privadamente. "Vemos com satisfação que o governo chinês está preocupado com os direitos humanos", teria dito o brasileiro ao colega chinês.
O assessor afirmou que o tema também foi tratado reservadamente com o ditador cubano, Fidel Castro, em setembro de 2003. Garcia não detalhou, no entanto, o que Lula teria dito a Fidel.
O governo brasileiro, de acordo com o assessor, "admira os esforços da China com relação aos direitos humanos na área do trabalho e a inclusão do tema na Constituição chinesa, mas reconhece que a mudança é gradual".
Na Comissão de Direitos Humanos da ONU, a gestão Lula não tem apoiado resoluções que condenem Cuba e a China por violações. Há o argumento de que as condenações não podem se concentrar sobre determinados países, em detrimento de outros. Recentemente, por exemplo, foram divulgadas fotos e vídeos que mostram a prática de tortura por militares americanos no Iraque.
O governo Lula também é cobrado por ativistas dos direitos humanos para que o presidente trate do tema em suas viagens.
A diplomacia ruidosa, segundo Garcia, é aquela que aponta os erros dos outros. Já a silenciosa é a que não faz alarde de suas conversas no âmbito diplomático.
Questionado sobre o posicionamento público do Brasil contra a guerra no Iraque, Garcia disse que, nesse caso, é "diferente porque a intervenção americana geraria, como está gerando, conseqüências para todos os países".
Apesar da diferença de atitude do Brasil em relação à guerra no Iraque e à China e a Cuba, Garcia afirmou que o governo Lula não faz distinções. "Se formos seletivos com relação aos direitos humanos, então teríamos que falar também do México, de Guantánamo [a base americana em Cuba], do Iraque, por exemplo." (CLÁUDIA DIANNI)

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