São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ESTADOS

Petistas e tucanos terão seis aliados comuns nos Estados

Após recuo do TSE, tanto Lula quanto Alckmin terão o apoio dos mensaleiros

PFL será o principal aliado do PSDB, que ainda tenta apoio formal do PPS; PSB e PC do B devem integrar coligação de sustentação ao presidente

FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

No fim de semana no qual começam a ser realizadas as convenções estaduais e nacionais para oficialização dos candidatos e das alianças para as eleições de 1º de outubro, levantamento da Folha mostra que PT e PSDB terão aliados comuns nas eleições regionais.
Adversários mortais no pleito presidencial, tucanos e petistas farão composições estaduais com pelo menos seis partidos: PMDB, PDT e PV e o trio mensaleiro PTB, PL e PP. Os aliados "exclusivos" do PT deverão ser PSB e PC do B, que farão parte da aliança oficial da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PFL será o maior aliado do PSDB. Se o PPS apoiar Geraldo Alckmin, integrará algumas alianças tucano-pefelistas.
A mistura de coligações cruzadas só é possível por causa da interpretação moderada que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deu à regra da verticalização -a obrigação de fazer alianças coerentes no plano federal e nos Estados.
A regra em vigor permite que partidos com candidatos a presidente possam se aliar de maneira distinta nos Estados com siglas que estarão fora da disputa pelo Palácio do Planalto. O Brasil tem 29 legendas, mas possivelmente o pleito de outubro tenha apenas quatro ou cinco candidatos presidenciais.
Esse número reduzido de candidatos a presidente permite, por exemplo, que o PT de Lula faça alianças nos Estados com pelo menos oito partidos: PSB, PC do B, PP, PTB, PL, PV, PMN e PMDB. Já o PSDB deve se aliar nos Estados a pelo menos sete partidos: PFL, PPS, PMDB, PDT, PL, PTB e PP.
Em alguns Estados, os blocos que gravitam em torno de Lula e de Geraldo Alckmin ainda disputam os mesmos apoios. É o caso do PMDB em São Paulo, no Paraná e no Rio de Janeiro.

Garotinho
Com a saída de Anthony Garotinho (PMDB) do pleito presidencial, a tendência é que o ex-governador e o candidato ao governo do Rio, senador Sérgio Cabral, dêem apoio a Alckmin, mas o PT ainda assedia o candidato, que tomou café com o presidente do partido, Ricardo Berzoini, há algumas semanas.
Em São Paulo, Orestes Quércia, antes alvo de críticas de tucanos e petistas, tem o apoio disputado. Diante da dificuldade de selar aliança formal, Lula e o PT tentam convencer Quércia a disputar o governo para forçar um segundo turno entre Aloizio Mercadante (PT) e o favorito José Serra (PSDB).
No Paraná, o governador Roberto Requião pegou o comando petista de surpresa ao negociar, no fim da semana passada, o apoio do PMDB no Estado a Alckmin. Em troca, ele não lançaria candidato ao Senado e deixaria o caminho livre para a reeleição do tucano Álvaro Dias. O acordo, ainda não confirmado por nenhum dos dois lados, deixou o PT apreensivo.
O PMDB deverá oficializar na amanhã, em reunião da Executiva com os 7 governadores, o destino já sabido do partido: não ter candidato próprio nem se aliar a Lula ou a Alckmin.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), da ala governista do PMDB, disse que a tendência é a Executiva cancelar as duas convenções nacionais marcadas para este mês -uma pelo grupo contrário à candidatura ao Palácio do Planalto e outro defensor da postulação própria. Segundo Renan, Lula poderá ter o apoio de "19 ou mais seções regionais peemedebistas".

Desistência
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), confirmou que o partido "vai priorizar as eleições de governador, senadores e deputados". Até há pouco tempo defensor da candidatura própria, Temer reconhece que "a maioria do partido" é contra. Após a reunião de amanhã, o senador Pedro Simon (RS) deverá desistir da pré-candidatura ao Planalto.
"As negociações vão se acelerar de vez na próxima semana", disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). "O prazo para convenções partidárias já começou, e é preciso definir os acordos regionais", disse Berzoini. Pela lei, os partidos devem realizar convenções entre 10 e 30 de junho para oficializar candidaturas e alianças.
Segundo Berzoini, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) freou as articulações na semana passada quando endureceu a regra para alianças, surpreendendo os partidos. Quando recuou na noite de quinta-feira, voltando à regra de 2002 (verticalização branda), os políticos voltaram ao cenário antigo.
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirma que a semana que se inicia será decisiva para o fechamento da maioria dos acordos. "Está clara qual será a regra do jogo. Não há mais razão para postergar entendimentos".


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