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Ex-parlamentares faziam máfia "fluir", diz procurador
Denúncia revela que 9 ex-deputados e 1 ex-senador eram "comando político" de sanguessugas
Para Mário Lúcio Avelar, o comando não se limitou
a ex-congressistas; segundo a PF, R$ 110 milhões foram desviados pelo esquema
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Nove ex-deputados e o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) exerciam, em troca de
propina, o "comando político"
da máfia dos sanguessugas para
que "os golpes contra o Orçamento União pudessem fluir",
afirma o procurador da República em Cuiabá (MT) Mário
Lúcio Avelar na denúncia encaminhada à Justiça Federal.
Os "golpes" começaram em
2001 e desviaram R$ 110 milhões da saúde, diz a Polícia Federal. A Folha teve acesso à denúncia de 250 páginas. Além
dos dez congressistas, mais 71
pessoas, incluindo 27 assessores e ex-assessores parlamentares, foram denunciadas por
lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha e
crime contra a lei de licitações.
Na denúncia, Avelar informa
que o comando não se limitou a
ex-deputados, pois continuou
em 2003. O procurador diz que
63 de um total de 65 emendas
ao Orçamento apresentadas
pelo deputado Nilton Capixaba
(PTB-RO), atual segundo-secretário da Câmara, beneficiaram a máfia dos sanguessugas.
Os ex-deputados e o ex-senador recebiam propina, segundo
Avelar, para apresentar emendas ao Orçamento destinadas à
compra de ambulâncias superfaturadas por prefeituras. O pagamento de propina, segundo o
procurador, era feito pela Planam. Pela denúncia, baseada
no livro-caixa da Planam:
1) O ex-senador Carlos Bezerra recebeu "da empresa Planam, nos dias 23 de maio e 18
de junho de 2002, as quantias
de R$ 12 mil e R$ 10 mil";
2) Laire Rosado (RN) recebeu "de janeiro a abril do ano
de 2002, 19 pagamentos indevidos, em valores que variavam
de R$ 5.000 a R$ 115 mil";
3) Múcio Gurgel de Sá (RN)
recebeu, em "abril de 2004,
seis pagamentos que variavam
de R$ 5.000 a R$ 15 mil";
4) Renildo Leal Santos (PA)
recebeu, "entre abril e junho de
2004, três pagamentos de
R$ 10 mil a R$ 13 mil";
5) Cândido Pereira Mattos
(RJ) ganhou em "22 de fevereiro e 26 de março de 2002", "de
R$ 20 mil e R$ 10 mil";
6) Itanildes Orlando Fernandes (RJ) recebeu, "entre os meses de fevereiro e maio de
2002, [...] quatro pagamentos
de R$ 4.000 a R$ 5.000";
7) José Carlos da Fonseca
Júnior (ES) recebeu, "em abril
de 2002, dois pagamentos que
somam R$ 12 mil";
8) Joaquim dos Santos Filho
(PR) recebeu em "11 de março
de 2002 R$ 30 mil".
O ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC), preso em Cuiabá, aparece em escutas telefônicas fornecendo sua conta
bancária, em 2005, à Planam
para depósito de R$ 16,5 mil.
Livre graças a um habeas corpus, Carlos Rodrigues (RJ), que
era do PL, é acusado de ter recebido R$ 50 mil em propina,
após a liberação de emenda de
R$ 700 mil em janeiro de 2006.
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