São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

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STF rejeita proposta do governo sobre o salário do Judiciário

Executivo quer reduzir folha de pagamento pela metade, e diluir o resto nos próximos anos; Supremo quer salário de R$ 25,7 mil

Planalto avalia ser difícil convencer congressistas a votarem contra o projeto, já que muitos podem vir a depender dos tribunais

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Ellen Gracie Northfleet, comunicou anteontem ao governo que considera "inaceitável" a contraproposta de aumento salarial do Judiciário, o que aumenta o constrangimento político entre os dois Poderes.
O Supremo, com apoio dos demais tribunais superiores, exige índices diferenciados de reajuste que somam R$ 5,2 bilhões a mais por ano na folha de pagamento. A contraproposta feita anteontem a Ellen, e recusada, implicava num total inicial de R$ 2,4 bilhões, diluindo o restante nos próximos anos.
Os ministros do STF haviam aprovado, no dia 1º, o aumento de seus salários de R$ 24.500 para R$ 25.725, a partir de 1º de janeiro. O aumento elevará o teto salarial do funcionalismo e terá efeito em cascata para os 5.459 juízes da União.
O projeto do aumento já passou pelas comissões de Trabalho e de Finanças da Câmara e está na CCJ. Na quarta passada, o governo conseguiu adiar a votação, na tentativa de acordo com o Judiciário e a oposição.
Quem levou a contraproposta para Ellen Gracie foi o deputado Sigmaringa Seixas (PT-SP), que tenta articular um acordo. Anteontem mesmo ele comunicou ao governo que a idéia foi rechaçada, o que aumenta a possibilidade de o presidente Lula ter de vetar o projeto, caso seja aprovado.
Em reunião com a base aliada, na quarta-feira, Lula pediu que eles esgotassem os esforços para tentar reverter a tendência de voto e deixou claro que arcaria com o ônus político do veto, porque o Orçamento não comporta os aumentos.
Na avaliação do governo e de seus líderes, será difícil convencer congressistas a votar contra o aumento. O agravante é que boa parte deles está envolvida em escândalos e depende ou pode vir a depender de decisões de tribunais.


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