São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2007

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PF diz que Morelli cometeu crime de sonegação fiscal

Movimentação do compadre do presidente Lula não é compatível com rendimentos, aponta relatório da polícia

Advogado de Morelli diz que não teve "oportunidade conversar com ele sobre isso ainda'; PF também aponta problema com Nilton Servo

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE

A Polícia Federal aponta no relatório do inquérito da Operação Xeque-Mate que Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, teve uma movimentação financeira superior aos seus rendimentos declarados em 2002, 2004 e 2005, o que caracteriza, segundo a PF, suposto crime de sonegação fiscal.
Houve também, segundo a PF, "um aumento considerável" na movimentação de Morelli em 2006, que chegou a R$ 661.707,68. Em 2005, o valor foi de R$ 320.365,66. A movimentação financeira é a entrada somada à saída de recursos das contas bancárias abertas em nome dos investigados.
A conclusão da PF está baseada em análise da Receita Federal, que enviou relatório sobre 32 investigados na operação Xeque-Mate. O relatório da Receita trata dos anos de 2002 a 2006. Neste último, porém, só aparece a movimentação financeira, sem os rendimentos.
Morelli declara ter como fonte de renda R$ 4.800 de salário da empresa de saneamento de Diadema (SP) e R$ 1.500 pelo trabalho em uma casa de jogos.
A maior distorção entre rendimento e movimentação é a do empresário de jogos Nilton Cezar Servo, 52, que, segundo a PF, é sócio de Morelli em uma casa de caça-níqueis em Ilhabela (SP). Em 2002, Servo declarou rendimento de R$ 10.800, mas movimentou R$ 2.164.817.
No ano seguinte, ele não informou rendimento, mas movimentou R$ 1.141.179. Já em 2004, foram R$ 15.500 declarados e R$ 656.621 movimentados. Novamente em 2005, não foi declarado rendimento, apesar da movimentação de R$ 10.243. Em 2006, não passou dinheiro na conta de Servo, que desde 2002 declara não ter bens, segundo o relatório.
No caso de Morelli, ele declarou rendimentos tributáveis de R$ 20.033,10 em 2002, porém movimentou R$ 176.151. No ano seguinte, declarou rendimento de R$ 30.673 e um movimento de R$ 62.798.
Em 2004, Morelli teve rendimentos de R$ 36.181 e movimentou R$ 178.475. Em 2005, o rendimento foi de R$ 50.307 e a movimentação de R$ 320.365. No ano passado, movimentou R$ 661.707. Ele declarou em 2005 ter R$ 150 mil de bens, contra R$ 5.000 em 2002.

Outro lado
Milton Fernando Talzi, defensor de Morelli, disse que ainda não se voltou para a questão da movimentação. "Ainda não tive oportunidade de conversar com ele sobre isso." O advogado de Servo, Eldes Rodrigues, afirmou não ter informação sobre a movimentação financeira de seu cliente.


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