São Paulo, segunda-feira, 11 de junho de 2007

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Oposição quer ligar Vavá a CPI da Navalha

Suspeita de lobby de irmão de Lula para empreiteiras pode ser explorada

Oposicionistas obtiveram assinaturas necessárias para pedir abertura de comissão de inquérito, mas querem ter mais margem de folga

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição no Congresso prepara uma ofensiva nesta semana para conseguir a abertura da CPI da Navalha até quarta-feira e analisa uma forma de vincular o caso às denúncias que atingiram Genival Inácio da Silva, o Vavá, e Dario Morelli Filho, respectivamente irmão e compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma das alternativas seria explorar as suspeitas de que Morelli e Vavá também teriam feito lobby para empreiteiras interessadas em executar obras públicas, segundo as investigações da Operação Xeque-Mate. O alvo da CPI da Navalha seria a relação entre construtoras, lobistas e políticos em órgãos públicos e no Congresso.
Na semana passada, a oposição já havia obtido o número necessário de assinaturas para protocolar o pedido de CPI mista, mas o requerimento não avançou pelo temor de uma movimentação do governo pela retirada dos nomes.
Os oposicionistas tiveram o aval de 173 deputados -dois a mais do que o mínimo exigido- e 29 senadores. A expectativa, porém, é que pelo menos 15 governistas que aderiram recuem. Hoje e amanhã, os oposicionistas tentarão ampliar o número de apoios para ter uma "margem de folga", caso isso ocorra.
Por enquanto, os oposicionistas descartam a abertura de uma CPI restrita ao caso que envolve o irmão do presidente. A idéia é que o episódio fique como uma espécie de "plano B", caso a CPI da Navalha naufrague. "É importante que a CPI da Navalha se conclua até quarta e, caso não se viabilize, a outra ganharia força", disse o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ).
O "plano B" seria um requerimento para criar uma CPI dos jogos ilícitos, de autoria do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), destinada a investigar a máfia dos caça-níqueis, bingos e jogos eletrônicos.
Sampaio chegou a redigir o pedido duas semanas antes do estouro da Operação Xeque-Mate, mas a idéia acabou ficando de lado diante da movimentação pela CPI das empreiteiras. No Senado, o caso da máfia dos caça-níqueis também deverá ganhar força.

Convite a Tarso
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), afirmou que vai apresentar um requerimento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) convidando o ministro Tarso Genro (Justiça) a prestar esclarecimentos sobre as recentes operações da Polícia Federal. "Queremos saber os critérios e o "modus operandi" dessas ações, desses grampos desenfreados", disse.
A CPI da Navalha tem resistência em diversos partidos, mas o governo é deliberadamente contra. "Agenda furada é de CPI. Se for fazer da Navalha tem que abrir uma CPI por semana. O Congresso não tem especialização para esse tipo de investigação", disse o vice-líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).


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