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Comandante da PM era líder de máfia, diz PF
Coronel Ivan chefiou polícia no governo de Zeca do PT
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE
Ex-comandante-geral da PM
de Mato Grosso do Sul no governo de Zeca do PT (1999 a
2006), o deputado estadual coronel José Ivan de Almeida
(PSB) é apontado pela PF como
um dos líderes da máfia dos caça-níqueis, desmontada na
Operação Xeque-Mate no início da semana passada.
O coronel Ivan aparece em
conversa telefônica, gravada no
dia 2 de março, dizendo ser dono de 12 máquinas e ter R$ 100
mil a receber de operadores do
jogo. Reclama que recebeu apenas R$ 2.500 em 20 dias.
A PF ressalta no relatório, ao
qual a Folha teve acesso, que o
coronel não foi investigado
pois tem foro privilegiado por
ser deputado estadual.
Os procuradores da República Jerusa Burmann Viecili,
Lauro Coelho Júnior e Pedro
Paulo Grubits Gonçalves de
Oliveira enviaram à Procuradoria Regional da 3ª Região,
em São Paulo, a parte do inquérito que trata do coronel Ivan.
Na investigação que culminou na Operação Xeque-Mate,
a PF apontou que a máfia dos
caça-níqueis era formada por
cinco organizações criminosas.
A segunda organização era liderada por Ari Silas Portugal,
Hércules Mandetta Neto (presos na operação) e o coronel,
que teriam participado de "atividades ilícitas de exploração
de jogos de azar". Já a primeira
organização era liderada pelo
empresário de jogos Nilton Cézar Servo, candidato derrotado
a deputado federal pelo PSB.
Ele aparecia em santinhos junto com o coronel Ivan.
Além do negócio de caça-níqueis, o deputado queria interferir na PM. Durante as investigações, no dia 21 de fevereiro,
a PF gravou uma conversa entre Portugal e um oficial da PM
identificado como Calixto. Na
conversa, Ari diz que o coronel
planejava derrubar do cargo o
atual comandante da PM, coronel Geraldo Garcia Orti.
"O José Ivan passou uma informação para nós importantíssima. Estão armando uma
casinha para ele [Orti] cair", diz
Portugal. Alguns dias depois,
em março, Ivan brigou por telefone com Portugal, insatisfeito por ter recebido em 20 dias
R$ 2.500 do negócio dos caça-níqueis. "Quero que você devolva as 12 máquinas que são
minhas, o restante não quero
nem saber", diz o coronel. "Ari,
se você for fazer as contas, sério, eu tenho mais de R$ 100
mil para receber de vocês."
Outro lado
A reportagem deixou dois recados no celular do deputado,
mas ele não retornou até o encerramento da edição.
(HC e RV)
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