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Sem-terra invadem e depredam pelo país
Ação em 13 Estados envolve 6.900 contra multinacionais, monocultura da cana, aumento nos alimentos e modelo energético
Manifestações foram
organizadas pela Via
Campesina, que reúne,
entre outros grupos, o MST,
e pela Assembléia Popular
Tadeu Vilani/Ag. RBS/Folha Imagem
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RIO GRANDE DO SUL
Policiais atiram balas de borracha contra manifestantes da Via Campesina, em Passo Fundo
DA AGÊNCIA FOLHA
Cerca de 6.900 manifestantes, a maioria deles sem-terra
do MST, participaram ontem
de uma onda de invasões, protestos e depredações em 13 Estados contra a atuação de empresas estrangeiras no país, a
monocultura da cana, o aumento nos preços dos alimentos e o modelo energético.
A manifestação foi organizada pela Via Campesina -que
reúne MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra) e MAB (Movimento dos
Atingidos por Barragens), entre outros- e pela Assembléia
Popular, articulação de movimentos sociais urbanos.
Os manifestantes tentaram
invadir usinas hidrelétricas de
Itá (RS) e fizeram um protesto
em frente à usina de Salto Santiago (PR), ambas pertencentes
à empresa franco-belga Suez,
que lidera o consórcio vencedor da hidrelétrica de Jirau, no
rio Madeira (RO).
Para protestar contra a
transposição do rio São Francisco, agricultores com foices,
enxadas e pedaços de madeira
invadiram as instalações da
Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), na usina
de Sobradinho (BA). Eles forçaram o portão principal e quebraram alguns vidros. Deixaram o local no início da tarde.
Sem-terra invadiram a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar da Universidade Federal Rural de Pernambuco, em
Carpina (60 km de Recife), e
destruíram mudas de cana-de-açúcar usadas para pesquisa.
Em Passo Fundo (RS), houve
confronto. A Brigada Militar
disparou balas de borracha
contra sem-terra que invadiram fábrica da Bunge, multinacional de alimentos. Cinco
sem-terra ficaram feridos.
Segundo o MST, o confronto
teve início quando soldados
apreenderam um caminhão
com alimentos que seriam distribuídos à população carente
que mora próximo à fábrica.
O subcomandante-geral da
Brigada Militar, Paulo Roberto
Mendes, disse que todos os manifestantes seriam detidos.
Em Belo Horizonte, manifestantes bloquearam por seis horas com pneus e fogueiras um
trecho urbano da FCA (Ferrovia Centro Atlântica), do Grupo
Vale, para protestar contra a
falta de obras e por mais segurança ao trânsito local e aos
moradores da região dos bairros afetados pela linha férrea.
No Pontal do Paranapanema,
região oeste de SP, segundo a
Polícia Militar, cerca de 400 integrantes do MST dominaram
dois seguranças e invadiram o
canteiro de obra de usina de álcool do grupo Odebrecht. No
escritório da empresa, eles improvisaram uma cozinha.
Cerca de mil pessoas ligadas
à Via Campesina armadas com
pedaços de paus invadiram o
Porto do Pecém (a 60 km de
Fortaleza), impedindo a carga e
a descarga de navios. Protestavam contra a construção, no local, de uma termelétrica e de
uma siderúrgica.
Em Santa Catarina, 350 pessoas, de acordo com a PM, protestaram contra o funcionamento de uma indústria de celulose em Otacílio Costa. Houve bloqueio por uma hora da
BR-282, na cidade de Maravilha (658 km de Florianópolis).
Em São Paulo, cerca de 600
trabalhadores rurais da Via
Campesina e integrantes da Assembléia Popular invadiram
ontem um prédio da Votorantim no centro da cidade.
Segundo o MST, a polícia tomou o prédio e reprimiu os manifestantes com "violência". A
PM nega. A invasão tinha por
objetivo denunciar os impactos
ambientais da construção da
barragem de Tijuco Alto, no rio
Ribeira de Iguape, que corta os
Estados de São Paulo e Paraná.
Colaborou a Folha Online
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