São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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Defesa de Klinger vê ilegalidade em provas do MP

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados de Klinger Luiz de Oliveira Sousa, secretário afastado de Santo André, entregaram ontem à Justiça a defesa prévia, ancorada em três argumentos principais: ilegalidade das provas obtidas pelo Ministério Público, interesses econômicos e políticos compartilhados pelos denunciantes e depoimentos contraditórios.
O documento é um instrumento jurídico a que têm direito os servidores públicos antes de serem denunciados (acusados formalmente).
Klinger foi acusado pelos promotores criminais por formação de quadrilha e por concussão (extorsão praticada por funcionário público). A acusação é de que ele extorquiu dinheiro de empresários do setor de transporte público da cidade. Além de Klinger, outras cinco pessoas foram denunciadas à Justiça.
Na defesa, os advogados José Carlos Dias (ex-ministro da Justiça), Luís Francisco Carvalho Filho e Jaqueline Furrier argumentaram que os promotores não tinham atribuição legal para investigar o caso. A Promotoria deveria, segundo eles, ter solicitado à polícia um inquérito criminal.
"Há depoimentos secretos, testemunha secreta e um decreto de sigilo que vale contra todos, inclusive contra os investigados. (...) Uma verdadeira conspiração de caráter político é tratada pelos promotores como evidência idônea da materialidade dos delitos."
A defesa dedicou um capítulo, intitulado "personagens da trama", para descrever as relações entre os denunciantes ouvidos pelos promotores. Segundo a defesa, os acusadores são "umbilicalmente ligados entre si por interesses econômicos e políticos".
Basicamente, as relações narradas são as seguintes: três pessoas pertencem à família Gabrilli (o pai e dois filhos, que denunciaram o pagamento de propina por meio da Viação São José), duas foram sócias da família e uma ainda é funcionária dos Gabrilli.
"Será que a prova de que outros empresários sofreram achaques está em outros procedimentos secretos, escondidos, longe do olhar da defesa?", ironizam os advogados, que classificam a denúncia dos promotores de "pueril" e de "obra de ficção".
Os advogados apresentaram ainda algumas supostas contradições nos depoimentos prestados pela família Gabrilli: enquanto um disse que o pagamento mensal da propina (de aproximadamente R$ 40 mil) foi feito de forma "religiosa", sem atrasos, outro membro da família afirmou que o pagamento foi suspenso e a empresa punida pela prefeitura. "O enredo foi muito mal ensaiado entre os Gabrilli", informaram os advogados na defesa, que será analisada pela Justiça.



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