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ELIO GASPARI
Os chantagistas ameaçaram o Pan
Teme-se que a bandidagem esculache os jogos, mas até agora foi a polícia do Rio quem ameaçou esculachá-los
NOSSO GUIA deve parar de empulhar a patuléia e anunciar
ao país o seu projeto de enquadramento dos servidores públicos que fazem greve à custa do bem-estar dos contribuintes.
Diante da chantagem dos policiais
do Rio de Janeiro e dos funcionários
dos aeroportos, que ameaçaram detonar o PAN se o governo não lhes
desse aumentos, não há outro caminho senão o confronto com esse
aparelho sindicalista. Confronto
com direito a perda salarial, desemprego e, dentro da lei, cadeia.
Há greves e greves. No Metrô de
São Paulo, só neste ano, houve duas.
Uma prejudicou mais de 500 mil
pessoas, foi acionada por poucas dezenas de militantes aparelhados e
destinava-se a defender o veto de
Lula à Emenda 3. É caso de polícia. A
outra resultava de uma reinvindicação salarial que o governo de São
Paulo preferia ignorar. Realizada a
paralisação, o governo cedeu e os
metroviários venceram. Num caso,
houve simulacro. No outro, deu-se a
beleza do predomínio do trabalhador que cruza os braços diante de
patrões prepotentes.
Desde março, Nosso Guia vem fingindo regulamentar o direito de greve dos servidores. Fala, mas não faz.
Neste ano já houve greve de controladores de vôo, policiais piauienses,
servidores alagoanos e professores
da USP. Tudo sob a magnífica bandeira do pagamento dos dias parados. Essa foi uma tática esquecida
por Lênin. O melhor negócio para os
proletários de todo o mundo seria
uma greve geral até a vitória final,
com o pagamento dos dias parados.
Toda greve de servidor público ricocheteia nos contribuintes que
lhes pagam os salários. Se os trabalhadores da Fiat fazem greve, ninguém é diretamente prejudicado.
Quando a Polícia Federal adiciona
uma paralisação ao seu serviço inepto de entrega de passaportes, ela estapeia a patuléia. Outro dia o presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Rio, Natalício
Ferreira de Araújo, defendeu uma
operação-tartaruga com as seguintes palavras:
- A operação é permanente. Vai
prejudicar a população, com certeza
vai, mas o que a sociedade tem que
entender é que a polícia não quer
greve, mas o governo não está fazendo a parte dele.
Nessa construção, cabe à sociedade entender e gozar, seja qual for o
transtorno que lhe é imposto. Policial que executa cidadãos tem que ir
logo para a cadeia e servidor público
que paralisa serviços essenciais de
forma oportunista deve arrostar o
risco de ir para o olho da rua.
As reivindicações dos funcionários dos aeroportos e dos policiais do
Rio são legitimas, assim como é legítimo o direito de pararem de trabalhar. Eles vestem a bata dos chantagistas quando ameaçam detonar o
PAN. Suspender o trabalho no Instituto Médico Legal é atitude macabra, de quem despreza os sentimentos alheios e a própria noção de serviço público.
Quando a tropa ocupou os morros
do Alemão, temeu-se que, num gesto covarde, a bandidagem resolvesse
responder, esculachando o PAN.
Por enquanto, o perigo veio de outro
pedaço. Quem ameaça esculachar o
PAN é a polícia civil do Rio.
Nosso Guia, os governadores e os
prefeitos devem fazer saber uma
coisa simples aos servidores que
chantageiam a população: "Quer ir
nessa, vai, mas teu emprego e tua
carreira vão para o pano verde".
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