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Renan tenta anular perícia em suas notas
Presidente do Senado, investigado pelo Conselho de Ética, insiste em votar parecer que defendia arquivamento do caso
Peemedebista, acusado de quebrar o decoro, alega erros na tramitação do processo e quer desfazer trabalhos do conselho
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu ao Conselho de Ética a anulação da perícia feita pela Polícia Federal em seus documentos, a identificação dos limites
da investigação, além da votação do relatório que sugere o
arquivamento sumário do processo contra ele por indícios de
quebra de decoro.
A solicitação foi feita por
meio de uma representação assinada por seus advogados e enviada ao conselho na noite de
anteontem. Esse seria o primeiro passo para pedir, mais à
frente, a anulação dos trabalhos do conselho no STF, alegando erros em sua tramitação.
"Fica suscitada como matéria de ordem pública a demandar apreço desse colegiado a argüição de nulidade da acusação
por falta de precisão de suas
fronteiras", afirma o documento assinado por Eduardo Ferrão e Paulo Baeta.
Ao questionar a legalidade do
processo, advogados criticam
setores políticos e parcela dos
formadores de opinião. "Esses
arautos do justiçamento, e não
da Justiça, preferem a ligeireza
de uma condenação sumária à
placidez de espírito que se espera dos magistrados, nos regimes estáveis e democráticos,
na hora em que seus mais altos
representantes estão expostos
sob as luzes de um processo público e transparente."
Ressaltando que aguarda
manifestação da consultoria legislativa do Senado, o presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), sinalizou
que os questionamentos não
devem atrapalhar o trâmite do
caso. "Fiz um despacho saneando o processo. Creio que
não tem nenhum problema."
Quintanilha anulou o parecer que pedia o arquivamento
sumário do processo, feito pelo
então relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que se licenciou
por problemas de saúde. O plenário se recusou a votar o documento por achar necessário
aprofundar as investigações.
Essa é uma das irregularidades apontadas por Renan. Segundo ele, esse documento tem
que ser votado nem que seja para rejeitá-lo. Ele também diz
que a PF não pode auxiliar o
conselho pelo fato de os senadores terem foro privilegiado.
Renan enviou ontem um ofício ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, com pedido para que o
Ministério Público Federal investigue os documentos encaminhados por ele ao conselho.
Renan diz, no ofício, que a Procuradoria é a instância adequada para investigar a autenticidade dos documentos.
Incompetente
Um dos tópicos da representação enviada ao conselho é intitulado: "Perícia realizada sem
contraditório, por órgão incompetente, demandada por
órgão idem, e que desbordou
dos limites que foram fixados".
A PF já apresentou um laudo
preliminar sobre documentos
fornecidos por Renan para
comprovar supostas operações
de venda de gado. Peritos afirmaram que as notas fiscais
eram verdadeiras, mas não
eram suficientes para provar
que as transações ocorreram.
O conselho deve encaminhar
amanhã à Mesa Diretora do Senado pedido de conclusão da
perícia pela PF. "As apurações
têm se desviado por fatos que
não se relacionam à acusação
inicial e tendem a se estender
na conformidade dos apetites
daqueles que querem não um
processo, mas uma devassa",
dizem os advogados de Renan.
O conselho investiga se Renan teve despesas pagas por um
lobista da empreiteira Mendes
Júnior. Para provar que tinha
condições de arcar com os gastos, ele declarou ter ganho R$
1,9 milhão com venda de gado.
Dois consultores do Senado
devem ir a Alagoas pedir documentos a órgão públicos e a
empresas que teriam comprado gado de Renan. Autor da representação contra Renan, o
PSOL entregou ontem relação
de 23 perguntas a serem respondidas pela PF sobre as operações de venda de gado e sobre
a movimentação bancária e fiscal do presidente do Senado.
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