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11 horas após ser solto pelo STF, Dantas é preso de novo
Decisão da Justiça Federal de SP contraria habeas corpus concedido por Gilmar Mendes
Prisão preventiva se baseia na acusação de que Dantas ofereceu US$ 1 milhão a um delegado para que ele fosse excluído de investigação
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de 12 horas depois de
deixar a carceragem da Polícia
Federal, o banqueiro Daniel
Dantas, que havia sido beneficiado por um habeas corpus do
Supremo Tribunal Federal,
voltou para a prisão, desta vez
acusado de corrupção ativa.
Dantas estava em um escritório na avenida Nove de Julho,
em São Paulo, quando foi surpreendido com a nova ordem
de prisão contra ele.
O banqueiro havia deixado a
carceragem às 5h30, ao lado da
irmã, Verônica Dantas, e de outros nove funcionários do Grupo Opportunity, todos acusados de crimes financeiros -suposta formação de quadrilha,
gestão fraudulenta, evasão e lavagem de dinheiro.
Ele passou o dia num flat e,
depois, foi a um escritório. Havia sido informado para não
deixar São Paulo pois seu interrogatório estava previsto para
ontem mesmo. Recebeu a voz
de prisão por volta das 15h30.
Em seguida, foi levado para o
Instituto Médico Legal, onde se
submeteu, pela segunda vez no
mesmo dia, a um exame de corpo de delito -a primeira foi pela manhã ao deixar a prisão.
Por volta das 16h50, Dantas
já estava a caminho da carceragem da PF, na Lapa, onde chegou às 17h. "Esta prisão não
tem nada a ver com a primeira.
Os fatos e os fundamentos são
completamente diferentes",
afirmou o procurador da República Rodrigo De Grandis.
A prisão decretada ontem é
preventiva (a duração será fixada pela Justiça) e atingiu apenas o banqueiro por suposto
crime de corrupção ativa -oferecimento de US$ 1 milhão a
um delegado para que ele, a irmã e os funcionários fossem
excluídos da investigação.
A Procuradoria apresentou
ao juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, um depoimento e um documento que, segundo o órgão,
são provas novas do caso.
O documento foi achado pela
PF na casa do banqueiro, no
Rio. Num papel impresso, que
seria de 2004, estava escrito
"Contribuições ao CLUBE".
Abaixo: "contribuição para que
um dos companheiros não fosse indiciado criminalmente".
"O documento comprova
que a corrupção é um expediente contumaz no grupo criminoso chefiado por Dantas",
disse De Grandis.
O segundo fato exibido como
prova foi o depoimento de Hugo Chicaroni, preso pela tentativa de subornar o policial -na
casa dele foram apreendidos
cerca de R$ 1,3 milhão.
Chicaroni intermediou o encontro de um delegado da PF,
que havia se identificado como
o chefe da investigação, com o
advogado Wilson Mirza Abraham, amigo do banqueiro, e
Humberto Braz, o "braço direito de Dantas na organização
criminosa", segundo a polícia.
A Procuradoria pediu a prisão de Abraham, o que foi negado pela Justiça. O advogado
disse não ter participado de nenhuma tentativa de suborno.
Com a anuência da Justiça, o
policial recebeu R$ 50 mil mais
R$ 80 mil. Há cerca de dez dias,
disse Chicaroni, "algumas pessoas ligadas ao Opportunity levaram à casa do declarante
[Chicaroni] a quantia de R$ 865
mil, que deveriam ser entregues ao delegado".
À PF Chicaroni disse ter sido
apresentado ao grupo de Dantas pelo desembargador aposentado do Tribunal Regional
Federal paulista Pedro Rotta,
que ficou no órgão de 89 a 97.
Primeira prisão
A primeira prisão, decretada
no último dia 8 pelo mesmo
juiz que ordenou a detenção de
ontem, era temporária -cinco
dias prorrogáveis por mais cinco. O motivo era garantir o sucesso das ações de busca nas casas e escritórios dos envolvidos.
Na noite de anteontem, a ordem foi anulada em uma polêmica decisão do presidente do
Supremo, Gilmar Mendes, que
considerou equivocado o entendimento do juiz. Para De
Grandis, Mendes "pulou" instâncias inferiores: TRF (Tribunal Regional Federal) e o STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
Nas escutas telefônicas, pessoas próximas a Dantas dizem
que ele só se preocupava com a
Justiça de 1ª instância, "uma
vez que no STJ e no STF ele resolveria tudo com facilidade".
Colaboraram JOSÉ ALBERTO BOMBIG, da Reportagem Local, e a Sucursal do Rio
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