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PF apreende planilha de pagamentos "ao Clube'
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Operação Satiagraha, da
Polícia Federal, apreendeu no
apartamento do banqueiro Daniel Dantas, no Rio, uma planilha intitulada "Contribuições
ao Clube", na qual são registrados pagamentos de R$ 36 milhões, em dinheiro, faturas e
depósitos, a quatro pessoas
identificadas só pelo prenome.
Um dos pagamentos, de R$ 1,5
milhão em dinheiro, é descrito
como "contribuição para que
um dos companheiros não fosse indiciado criminalmente".
A planilha, encaminhada anteontem pela PF ao Ministério
Público Federal e à Justiça Federal, lista seis supostos desembolsos. O primeiro, datado
de outubro de 2002, aponta
R$ 3 milhões em "cash" para
"Campanha de João à Presidência", cujo interlocutor seria
alguém chamado "Rubens".
Três meses depois, em janeiro de 2003, um novo pagamento de R$ 2,5 milhões teria sido
feito para a mesma "campanha". Dessa vez, os recursos foram contabilizados na forma de
"pagamento de faturas".
Em 2004, há novo registro de
pagamento de uma "campanha". Teriam sido entregues
R$ 25 milhões -R$ 13 milhões
em faturas e R$ 12 milhões "depositados"- a título de "despesas da campanha de Letícia".
Os interlocutores seriam "Pedro", "Eduardo" e "Dudu".
Os policiais ainda não conseguiram decifrar a quais campanhas e a que "Presidência" se
refere o papel. A PF também
apura a identidade de "Letícia"
e dos outros citados como interlocutores.
A PF apontou a planilha como um dos motivos para manter Dantas preso. "Outra prova
de que pagamentos de propina
são prática habitual da organização criminosa e de que Dantas tinha plena consciência disso foi o documento abaixo [a
planilha], encontrado na sua
residência", afirmou a PF, no
pedido de reconsideração da
prisão de Dantas, subscrito por
dois delegados federais.
Bilhete
Além da planilha, a Polícia
Federal também apreendeu no
apartamento do banqueiro
uma folha manuscrita com o
timbre do hotel Waldorf Astoria, em Nova York, com os dizeres: "Usar o assunto da polícia
para produzir notícia e influenciar na Justiça".
Para a PF, o manuscrito
"confirma a produção de factóides pela quadrilha com vistas a
manipular a imprensa, a fim de
de gerar notícias favoráveis à
organização criminosa, tudo
para abastecer com argumentos as inumeráveis manobras
jurídicas de seus advogados".
A PF encontrou similitudes
na planilha com a tentativa de
suborno do delegado da Polícia
Federal Victor Hugo Rodrigues
Alves Ferreira, um dos coordenadores da Operação Satiagraha. A planilha fala em pagamentos em "cash", como no caso da Satiagraha, e "em interlocutores". Os policiais da Satiagraha foram procurados por
dois supostos emissários de
Dantas, Hugo Chicaroni e
Humberto José da Rocha Braz.
Por meio de uma ação controlada pelo juiz federal Fausto
De Sanctis, que era informado
pelo delegado sobre os próximos passos, a PF fingiu participar de um suborno, de forma a
coletar as provas.
Ontem, em entrevista, o advogado de Dantas, Nélio Machado, negou que seu cliente
tenha procurado "outras formas" de ter acesso à investigação, mas reconheceu que Dantas conhece Humberto Braz.
"Não nego, eles se conhecem."
Foi Braz quem se reuniu
num restaurante com o delegado Ferreira para pedir, em troca de US$ 1 milhão, a exclusão
de Dantas do inquérito. A PF
apreendeu R$ 1,28 milhão na
casa de Chicaroni.
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