São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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"Oprimidos" venceram no Vietnã, diz Lula

Presidente, em visita a general que comandou vitórias contra França e EUA, se diz emocionado por estar "diante um de ser superior'

O presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, sugeriu ao colega o aumento dos negócios bilaterais e disse admirar futebol e samba

RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A HANÓI (VIETNÃ)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem oficial ao Vietnã, visitou ontem o general Vo Nguyen Giap, 98, estrategista militar vietnamita que comandou as vitórias contra a França e os EUA. O presidente demonstrou admiração pelo general e fez uma deferência especial à ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
O presidente disse: "Essa moça é minha ministra, foi militante de esquerda na juventude e tem verdadeira adoração pelo senhor. Ela pode tirar uma foto ao seu lado?", pediu.
Lula, Dilma e os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) tiraram fotos com o general. "Não é pouco para um povo derrotar franceses e americanos no mesmo século." O general elogiou que houvesse mulheres na comitiva.
O presidente até falou que "todos aqueles que amam a democracia, têm o senhor como referência", apesar de o Vietnã ainda ser uma ditadura.
Ao longo do dia, nas visitas que fez ao presidente, ao primeiro-ministro e ao secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Lula repetiu o que falou ao general: "Que o Vietnã capturou o imaginário de diversas gerações de brasileiros em sua luta pela soberania". "Fazem parte do imaginário de gerações de brasileiros as grandes vitórias contra o colonialismo em Dien Bien Phu ou combates dos anos 60 e 70 que conduziram à unificação do país."
Em entrevista coletiva, Lula disse que pertence à geração da Guerra do Vietnã. "No começo dos anos 60, eu era despolitizado. Mas, como corintiano, o Corinthians vivia uma época difícil, era um faz-me rir. Aprendi a ficar do lado dos fracos, dos oprimidos. Os vietnamitas eram baixinhos, magrinhos, contra os americanos, fortes, alimentados com hambúrguer. A gente aprendeu a ficar do lado de David contra Golias."
Lula descreveu sua emoção na visita ao general Giap. "Estar diante de um ser superior, fiquei muito emocionado, li muito sobre ele." Dilma discursou em seminário a empresários brasileiros e vietnamitas.

Futebol
O presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, não fez nenhuma referência ao passado ou às guerras vencidas pelo país -a Guerra do Vietnã, maior derrota militar dos Estados Unidos, durou de 1964 a 1975 e deixou um saldo de mortos de mais de 58 mil norte-americanos e 3 milhões de vietnamitas. Sugeriu o aumento dos negócios entre os países e se disse admirador do futebol e do samba.
Lula também disse que, "apesar de não ostentar as mesmas taxas de crescimento do Vietnã, o Brasil está entrando em uma etapa de crescimento contínuo e sustentável". Ele agradeceu o apoio vietnamita à candidatura brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A economia do Vietnã é das que mais crescem na Ásia (7,5% ao ano nos últimos cinco anos), apesar de ainda ser bem pequena -US$ 70 bilhões, menor que a do Peru. Com 86 milhões de habitantes, a ditadura comunista adotou a economia de mercado, atrai investimentos estrangeiros (US$ 20 bilhões em 2007) e se tornou destino de fábricas têxteis e de calçados que abandonam a China atrás de custos ainda menores. O presidente vietnamita afirmou que seu país pretende ser um país industrializado até 2020.
Às 23h20 em Hanói (13h20 em Brasília), após passar 22 horas no Vietnã, Lula e sua comitiva partiram para o Timor Leste, onde serão assinados acordos de cooperação com a ex-colônia portuguesa. "É uma visita de irmãos, do irmão maior ao irmão menor", disse Lula.
Amanhã, Lula visitará a Indonésia, onde também pretende estimular o comércio bilateral. "A Indonésia tem 200 milhões de habitantes, mais que o Brasil. Precisamos fazer muito mais negócios com eles."


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