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"Oprimidos" venceram no Vietnã, diz Lula
Presidente, em visita a general que comandou vitórias contra França e EUA, se diz emocionado por estar "diante um de ser superior'
O presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, sugeriu ao colega o aumento dos negócios bilaterais e disse admirar futebol e samba
RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL A HANÓI (VIETNÃ)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem oficial ao
Vietnã, visitou ontem o general
Vo Nguyen Giap, 98, estrategista militar vietnamita que comandou as vitórias contra a
França e os EUA. O presidente
demonstrou admiração pelo
general e fez uma deferência
especial à ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil).
O presidente disse: "Essa
moça é minha ministra, foi militante de esquerda na juventude e tem verdadeira adoração
pelo senhor. Ela pode tirar uma
foto ao seu lado?", pediu.
Lula, Dilma e os ministros
Celso Amorim (Relações Exteriores) e Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) tiraram fotos com o general. "Não é pouco para um
povo derrotar franceses e americanos no mesmo século." O
general elogiou que houvesse
mulheres na comitiva.
O presidente até falou que
"todos aqueles que amam a democracia, têm o senhor como
referência", apesar de o Vietnã
ainda ser uma ditadura.
Ao longo do dia, nas visitas
que fez ao presidente, ao primeiro-ministro e ao secretário-geral do Partido Comunista do
Vietnã, Lula repetiu o que falou
ao general: "Que o Vietnã capturou o imaginário de diversas
gerações de brasileiros em sua
luta pela soberania". "Fazem
parte do imaginário de gerações de brasileiros as grandes
vitórias contra o colonialismo
em Dien Bien Phu ou combates
dos anos 60 e 70 que conduziram à unificação do país."
Em entrevista coletiva, Lula
disse que pertence à geração da
Guerra do Vietnã. "No começo
dos anos 60, eu era despolitizado. Mas, como corintiano, o Corinthians vivia uma época difícil, era um faz-me rir. Aprendi a
ficar do lado dos fracos, dos
oprimidos. Os vietnamitas
eram baixinhos, magrinhos,
contra os americanos, fortes,
alimentados com hambúrguer.
A gente aprendeu a ficar do lado de David contra Golias."
Lula descreveu sua emoção
na visita ao general Giap. "Estar
diante de um ser superior, fiquei muito emocionado, li muito sobre ele." Dilma discursou
em seminário a empresários
brasileiros e vietnamitas.
Futebol
O presidente do Vietnã, Nguyen Minh Triet, não fez nenhuma referência ao passado ou às
guerras vencidas pelo país -a
Guerra do Vietnã, maior derrota militar dos Estados Unidos,
durou de 1964 a 1975 e deixou
um saldo de mortos de mais de
58 mil norte-americanos e 3
milhões de vietnamitas. Sugeriu o aumento dos negócios entre os países e se disse admirador do futebol e do samba.
Lula também disse que, "apesar de não ostentar as mesmas
taxas de crescimento do Vietnã, o Brasil está entrando em
uma etapa de crescimento contínuo e sustentável". Ele agradeceu o apoio vietnamita à candidatura brasileira a um assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU.
A economia do Vietnã é das
que mais crescem na Ásia (7,5%
ao ano nos últimos cinco anos),
apesar de ainda ser bem pequena -US$ 70 bilhões, menor que
a do Peru. Com 86 milhões de
habitantes, a ditadura comunista adotou a economia de
mercado, atrai investimentos
estrangeiros (US$ 20 bilhões
em 2007) e se tornou destino
de fábricas têxteis e de calçados
que abandonam a China atrás
de custos ainda menores. O
presidente vietnamita afirmou
que seu país pretende ser um
país industrializado até 2020.
Às 23h20 em Hanói (13h20
em Brasília), após passar 22 horas no Vietnã, Lula e sua comitiva partiram para o Timor Leste, onde serão assinados acordos de cooperação com a ex-colônia portuguesa. "É uma visita
de irmãos, do irmão maior ao
irmão menor", disse Lula.
Amanhã, Lula visitará a Indonésia, onde também pretende estimular o comércio bilateral. "A Indonésia tem 200 milhões de habitantes, mais que o
Brasil. Precisamos fazer muito
mais negócios com eles."
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